Transportadoras reclamam de custos e infraestrutura

O ano de 2013 foi excelente para os transportes terrestres: o crescimento foi de 10,7% em relação a 2012. José Hélio Fernandes, presidente da NTC, a Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística, acha que o ano poderia ter sido melhor se as margens de lucro, hoje oscilando entre 2,5% e 3%, tivessem também melhorado.

 "O ideal é que essa margem pudesse remunerar as empresas como outras aplicações do mercado de capitais – a inflação mais os juros. Acho que tinha de ser no mínimo 15% ao ano", avalia ele.

 

Apesar dessas restrições, muitas empresas do setor tiveram bom desempenho em 2013, entre elas a Via Pajuçara, de Guarulhos. Presidida por Altamir Cabral, a empresa acaba de completar 30 anos e celebra um crescimento de 18% sobre 2012. Embora não revele o valor da receita do ano passado, Altamir Cabral sustenta que o crescimento tem sido firme, sempre nesse patamar, desde 2010.

 

"Em 2011 foi um pouquinho menos e em 2010 um pouco mais. A movimentação de cargas, porém, cresceu apenas 7% e a quantidade de despachos, 4%. Os custos variaram na mesma proporção de 4%", diz ele. Custos são o calcanhar de aquiles do setor, ele explica: só a segurança consome 4% da receita, revela Cabral.

 

Fernandes, da NTC, acrescenta outras dificuldades: a falta de infraestrutura de transportes, a regulamentação da lei que controla a jornada dos motoristas e a deterioração da mobilidade urbana: "Isso tem impacto para as transportadoras e gera um custo às vezes difícil para a empresa calcular e repassar", afirma ele.

 

Para piorar, Fernandes admite que o período da Copa do Mundo traz algumas preocupações para o setor: "Prefiro ser otimista, mas sabemos que serão quase dois meses – esperamos que o país não vá ficar andando de lado", comenta. Em 2014, ele espera que haja algumas melhoras para os empresários por conta das novas concessões de rodovias, "e que isso possa também contribuir para melhorar o desempenho do transporte".

 

Altamir, da Via Pajuçara, está preparado para registrar ao final de 2014 um crescimento de apenas 7% dos negócios: "É bom lembrar que neste ano o mês de junho só terá 17 dias, por causa dos jogos, e que estamos tendo uma progressiva perda de produtividade dos veículos de carga nas cidades por causa da falta de mobilidade", conta ele. Segundo Cabral, a solução para atravessar 2014 sem sustos será ir ao mercado procurar novos negócios.

 

Com uma frota de 400 veículos, 900 funcionários e bases em seis grandes cidades do Brasil, a empresa opera apenas na região Sudeste e não há planos para ir a outras áreas, revela Cabral – não só porque a operação nessa área é uma vocação natural da empresa, mas porque o crescimento está sendo cada vez mais limitado pela escassez de mão de obra. "Apesar de pagarmos bem e de termos dado 14% de aumento real nos últimos cinco anos, acima do IPCA, ainda estamos com vagas em aberto. A Pajuçara está num dos segmentos mais concorridos do transporte, que é carga fracionada. Antigamente, tínhamos motoristas que vinham de outras regiões, como o Nordeste, mas hoje esse pessoal está focado em trabalhar nas empresas que estão lá mesmo", finaliza o presidente.