Tráfego em rodovias fortalecerá concessionárias

Principal gerador de caixa das companhias de concessão de transportes, o movimento de veículos (que no meio de 2012 parou de crescer em algumas estradas) tende a ter crescimento mais forte ao longo deste ano com o reaquecimento da indústria e os níveis ainda positivos de renda e emprego. O caixa mais robusto é uma oportunidade para o fortalecimento dos grupos na disputa pelas próximas concessões, a serem licitadas já neste semestre.
 
Segundo a Tendências Consultoria Integrada, que elabora o índice mensal de movimento nas rodovias, a produção industrial vai crescer 4,1% em 2013 em relação ao ano passado e isso vai influenciar no maior fluxo de caminhões e outros tipos de veículos pesados. "Quanto maior o desempenho da produção industrial, algo que estamos esperando para o ano, significa mais movimentação [de pesados]", diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências.
 
O forte crescimento desse tipo de veículo é especialmente bem-vindo pelas companhias devido ao fato de eles pagarem uma tarifa de pedágio mais alta que automóveis de passeio. Além disso, para OHL Brasil (que trocou o nome para Arteris) e CCR, os pesados também são responsáveis pela maior parte da movimentação nas estradas administradas.
 
Paralelamente ao movimento dos veículos comerciais, o fluxo de automóveis também permanecer em alta devido aos indicadores de renda e emprego – que influem em veículos leves. No entanto, o crescimento não será tão forte como em 2012. A Tendências calcula que as vendas no varejo cresçam 5,2% em 2013 (em relação a 2012). No ano passado, o número fecha em 8,2%, segundo projeção. Mesmo assim, o indicador é encarado como um beneficiador ao tráfego. "É um cenário bastante positivo para as estradas".
 
O tráfego em alta é uma possibilidade para as companhias aumentarem sua geração de caixa e manterem baixos os níveis de endividamento – que está em nível confortável para a maior parte das companhias. A exceção é a Triunfo Participações e Investimentos (TPI), cuja dívida líquida está em R$ 1,6 bilhão e alavancagem em 3,93 vezes o caixa medido pelo item contábil Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
 
Nas outras companhias abertas, o endividamento é menor. No caso da CCR, a alavancagem está em 1,9, embora a dívida líquida consolidada seja a maior dentre as abertas de rodovias, R$ 6,3 bilhões. A mesma alavancagem é registrada pela OHL Brasil, cuja dívida líquida é de R$ 2,2 bilhões. Na EcoRodovias, a dívida líquida é de R$ 2,2 bilhões, ou 2,1 vezes o Ebitda.
 
O caixa mais robusto pode ajudar as empresas justamente num momento em que o custo de capital para novas rodovias tende a subir. A concessão de nove trechos de rodovias, que somam R$ 42 bilhões em investimentos no pacote anunciado pelo governo, terá regras diferentes dos últimos leilões. As obras serão concentradas nos primeiros cinco anos e o pedágio só poderá ser cobrado após 10% das obrigações concluídas.
 
Representantes das empresas dizem que as novas condições aumentam o risco do projeto e, em consequência, o risco de capital. O diretor financeiro da OHL Brasil, Alessandro Levy, disse recentemente que o governo defende a queda da taxa de retorno dos projetos de infraestrutura, mas as novas regras aumentam o risco dos empreendimentos. Já o governo costuma defender que o BNDES financia cerca de 70% dos projetos e que os juros caíram – o que justificaria uma queda do retorno.