Tráfego de veículos nas rodovias registrou crescimento de até 11%

As empresas de capital aberto especializadas em administração de rodovias obtiveram durante o terceiro trimestre um crescimento robusto no fluxo de veículos, que é o principal gerador de receitas desses grupos. Os números de tráfego de CCR, EcoRodovias, Arteris e Triunfo Participações e Investimentos (TPI) estão de 5,4% a 8,5% maiores do que um ano antes. Em alguns recortes, a evolução chega a 11% – puxada principalmente pela movimentação de veículos pesados.

São duas as explicações para o crescimento. A primeira delas foi a medida, elaborada pelo governo do Estado de São Paulo, que autorizou as concessionárias paulistas a cobrarem o eixo suspenso de caminhões a partir de julho. Como cada eixo de caminhão conta como um veículo, a medida proporcionou uma guinada nos números de tráfego. As rodovias estaduais da Arteris, por exemplo, tiveram crescimento de 11% no trimestre contra um ano antes.

A mudança começou a valer no fim de julho e foi criada para compensar o não reajuste de tarifas de pedágio deste ano, em decisão tomada em meio às manifestações populares. No mercado, analistas já começam a se questionar se a medida compensatória ajudou as concessionárias além do necessário. "Pode até ter havido um crescimento maior [do que deveria], mas precisa de mais estudo. De forma geral, ainda não é claro se tivemos o reequilíbrio", diz Alessandro Levy, diretor de relações com investidores da Arteris.

De qualquer forma, o impulso causado pela medida não explica sozinho o aumento do tráfego. Ainda tomando como exemplo o caso da Arteris, as rodovias estaduais já vinham apresentando neste ano forte evolução de tráfego. No segundo trimestre, que não sofreu os impactos da medida, houve crescimento de 8,5% nas estradas estaduais contra um ano antes. No primeiro trimestre, a evolução foi de 5,4% (também nas estaduais).

A segunda explicação para a expansão nas estradas tem a ver com a atividade econômica do país. A EcoRodovias, que foi a empresa com maior crescimento no cômputo geral, apresentou um crescimento de 8,5% no terceiro trimestre contra um ano antes. O número foi puxado pelos veículos pesados (como caminhões), que tiveram crescimento de 15,8% na mesma comparação. Segundo a empresa, além da cobrança de eixos, esse tráfego foi influenciado pelo volume de exportação de soja e milho e pelo aumento da atividade industrial. Automóveis de passeio, que são ligados a indicadores de renda e emprego, registraram crescimento de apenas 1,4% no período.

Nas estradas do grupo CCR, o crescimento foi de 7,4% em um ano. "É um número bem forte, sim. O que a gente percebe é que houve uma ligeira aceleração a partir de abril que depois foi se confirmando a partir de maio e junho", diz Arthur Piotto, diretor financeiro da CCR. "Tráfego é o principal indicador para nós, pois mostra um indicativo de como pode ser o crescimento do PIB até o fim do ano. A única certeza é que ele está se expandindo", afirma ele, que se diz otimista, apesar de "cauteloso".

Na Triunfo Participações e Investimentos (TPI), que não teve impacto das medidas em São Paulo, o crescimento do tráfego no trimestre foi de 5,7% contra um ano antes. Segundo a empresa, um dos principais motivos para o crescimento é "o dinamismo econômico das regiões" em que estão as estradas administradas pela companhia. A Triunfo tem concessões de rodovias no Rio Grande do Sul, no Paraná e no Rio de Janeiro – que têm tido crescimento acima da média nacional, diz a empresa.

O tráfego ajudou também nas receitas das companhias. Contra um ano antes, o faturamento oriundo exclusivamente das praças de pedágio de EcoRodovias, CCR, Arteris e Triunfo cresceu entre 8,5% e 9,9% em um ano.

Os números reunidos pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) em parceria com a Tendência Consultoria Integrada mostram crescimento de 3,7% no acumulado do ano, até setembro, ante um ano antes. Rafael Bacciotti, economista da Tendências, diz que o fluxo de automóveis sofre influência de menores crescimentos de emprego e renda durante o ano. Já o fluxo de pesados têm impacto do agronegócio, enquanto o desempenho da área industrial limita a expansão.