Tamoios terá segunda pista com 21,5 km no trecho da serra do Mar

A duplicação pura e simples da estrada existente causaria um impacto ambiental gigantesco na mata atlântica que está dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, segundo o governo, o que tornaria impossível obter as licenças ambientais necessárias.
 
Nas palavras do presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, seria uma obra "ilicenciável".
 
Por isso, a alternativa escolhida é fazer uma pista "à parte", que, se tudo der certo, deverá ficar pronta em 2017.
 
Para conseguir as licenças ambientais -o governo espera obter a primeira delas, a licença prévia, em abril-, a Dersa optou por fazer grandes túneis durante todo o trecho de transposição da serra do Mar.
 
Dos 21,5 km totais, 12,6 km serão de túneis e 2,5 km de viadutos. Haverá túneis menores, paralelos aos principais, para serem usados como rotas de fuga em eventuais incêndios ou engavetamentos.
 
"A rodovia está desenhada para ter o mínimo impacto possível dentro do parque e para dar segurança ao motorista", diz Lourenço.
 
Em acidentes, o trecho de serra da Tamoios é um dos mais perigosos do Estado.
 
Pelo projeto apresentado no estudo de impacto ambiental, que pode sofrer ajustes, a atual Tamoios será usada para descida. A subida passaria a ser feita pelo novo traçado.
 
As rampas serão menos inclinadas do que as atuais e o traçado menos sinuoso. Os veículos grandes poderão chegar ao planalto com a velocidade constante de 80 km/h. Hoje, em algumas curvas, ela não passa de 30 km/h, mesmo com trânsito totalmente livre.
 
Apesar de todo o esforço do governo em fazer um projeto com pouco impacto, a nova Tamoios, no trecho de serra, deverá afetar 188 hectares -como comparação, o parque Ibirapuera, tem 160 hectares.
 
Desse total, 56 hectares estão em áreas ainda bem preservadas da mata atlântica.
A floresta que recobre a serra do Mar é o ecossistema mais destruído do Estado. Em 2011, segundo a SOS Mata Atlântica, 216 hectares foram ceifados.
 
 VIDA ÚTIL
O investimento de R$ 2,1 bilhões apenas no trecho da serra deverá render uma estrada com 25 anos de vida útil, estima Lourenço.
 
Se hoje o trânsito é carregado, inclusive fora dos períodos de férias e feriados, ele deverá voltar a ficar livre com a inauguração de todos os três novos trechos.
 
Mas o próprio estudo da Dersa mostra que o conforto ao motorista, nas férias, pode durar apenas dez anos, se a ampliação do porto de São Sebastião sair do papel.
 
Mesmo com a obra, o trânsito não deve acabar durante o Carnaval e o Ano-Novo. "São dois grandes picos. O investimento para resolver essa demanda não se justifica", diz o presidente da Dersa.
 
PARCERIA INCERTA
De acordo com Laurence Lourenço, presidente da Dersa, o governo de São Paulo ainda estuda se o trecho de serra da Nova Tamoios será feito como uma obra pública ou por meio de uma parceria público-privada. O mais importante, diz o executivo, é o custo em questão.
 
Como muitas vezes os governos têm obtido linhas de financiamento mais baratas do que o setor privado, nem sempre as parcerias com as empresas têm se mostrado muito vantajosas.