SP e ANTT unem forças pelo Ferroanel

Se depender do empenho da equipe técnica mista, formada por especialistas do Governo do Estado de São Paulo e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), os gargalos que a movimentação de cargas enfrenta na Grande São Paulo estão para terminar. Desde o anúncio do pacote de concessões de rodovias e ferrovias feito pela presidente Dilma em agosto – no qual o Ferroanel integra o primeiro lote de projetos ferroviários a ser licitado – os analistas se debruçam sobre dados e estudos para formatar os parâmetros que serão usados no edital de licitação do trecho norte, previsto para fevereiro de 2013.
 
"Estamos em colaboração estreita com a ANTT, mapeando as características desta transposição regional. Entre os subsídios que esta etapa do trabalho fornecerá, destaco a composição do preço e a definição dos patamares mínimos que as empresas concorrentes devem apresentar para comprovar a capacidade de investimento no projeto", diz Laurence Casagrande Lourenço, diretor-presidente da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa).
 
Os estudos já apontaram uma novidade no trecho sul, que antes ligaria o bairro de Ouro Fino Paulista, em Ribeirão Pires, a Parelheiros. Agora a conexão final será em Embu Guaçu, o que resolve um problema de rampa – tipo de terreno que dificulta a passagem de um trem de carga, que tem muitos vagões e cuja movimentação é bem mais lenta do que a de um trem de passageiros – logo depois de Parelheiros.
 
Um dos temas que ocupam os especialistas é a linha que liga Jundiaí a Perus, no trecho norte do Ferroanel. Segundo os levantamentos, há duas opções: um ramal ao lado do atualmente usado pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que responde pelo transporte de passageiros, ou outro paralelo ao Expresso Jundiaí, projeto que pretende disponibilizar um trem expresso para a região. "Essa segunda opção é mais cara mas equaciona melhor a serra existente entre Perus e Francisco Morato", diz Lourenço.

 
A expectativa do Ministério dos Transportes é que as obras comecem em 2013. "Temos todo interesse em começar essa obra no próximo ano e de forma bastante sintonizada com as obras do rodoanel tramo norte", disse o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos no programa de rádio e TV Bom Dia Ministro.
 
Segundo os técnicos ferroviários, os trabalhos começam pelo trecho norte porque, quando pronto, esse ramal responderá por 90% da demanda do Ferroanel. As projeções da ANTT indicam que pelos trilhos do norte vão circular 45 milhões de toneladas de carga até 2040, sendo 24 milhões destinados ao Porto de Santos. Segundo Passos haverá um "ganho extraordinário" com os trabalhos conjuntos, poupando recursos destinados a serviços de terraplanagem e infraestrutura. "Isso cria uma sinergia em termos da construção, cria condições de economicidade", disse o responsável pela Pasta.
 
Com o edital publicado em fevereiro, especialistas em ferrovias apontam que os contratos devem começar a ser assinados em maio e as obras se estenderem por três anos. Caberá ao concessionário tocar as obras e cuidar da manutenção da linha férrea. Como se trata de uma parceria público-privada (PPP), o governo vai comprar o total da capacidade de carga do Ferroanel e, através da recém-criada estatal Valec, revendê-la para os clientes. O investimento total da obra de 150 km (trecho norte e sul), sem levar em conta os custos ambientais, desapropriações e remoções, é calculado em R$ 2,5 bilhões.
 
Data: 03/10/2012