São Bernardo exporta 123 caminhões a menos

 O mercado de caminhões ainda apresenta sinais de desconfiança e piora nos resultados. As exportações desse segmento de veículos caíram em março, o que afeta, diretamente, as montadoras da região. Tanto que as companhias já tomaram providências para segurar um pouco a produção e também reduzir custos, caso da Mercedes-Benz, que anunciou PDV (Programa de Demissão Voluntária) e negocia com o sindicato a diminuição dos turnos da produção de caminhões, de dois para um, oferecendo licença remunerada aos seus empregados.

Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), São Bernardo, que concentra as principais fabricantes de caminhões, vendeu 444 unidades para o Exterior. Com isso, atingiu resultado inferior em 123 unidades ao registro de fevereiro.

Em valores monetários, o resultado significou recuo de US$ 12,5 milhões nas vendas em relação a fevereiro, com total de US$ 35,4 milhões, desconsiderando valores de frete.

Na comparação de março com o mesmo mês do ano anterior, houve queda de 63 unidades, ou seja, US$ 6,7 milhões a menos de receita para as montadoras de São Bernardo.

Na prática, as exportações de caminhões de São Bernardo representaram, aproximadamente, 11% do mercado para as montadoras instaladas no município, em março.

No mês passado, foram vendidos 278 caminhões para a Argentina, o que representou 62% das vendas ao Exterior, desses veículos, pela cidade. Tal registro representa 25 unidades a menos que o resultado de fevereiro. Na comparação com o terceiro mês de 2013, os hermanos importaram 142 caminhões a menos.

Isso significa que as empresas faturaram US$ 19,7 milhões em março, US$ 3,3 milhões a menos do que em fevereiro e, na comparação com o mesmo mês de 2013, houve decréscimo de US$ 13,4 milhões.

O coordenador do curso de Comércio Internacional da Universidade Anhembi Morumbi, José Meireles de Sousa, explicou que a Argentina passa por três problemas pontuais econômicos que têm dificultado a manutenção por demanda do Brasil. São eles: a questão cambial e manutenção do poder de compra da moeda; as barreiras comerciais e também a diminuição do interesse de investidores internacionais no país.

“Há muita especulação sobre a flutuação cambial da Argentina, o que gera incertezas para as empresas”, comentou o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, avaliando esse como um dos pontos chave para o cenário atual do mercado de caminhões de São Bernardo.

O Chile também contribuiu para a maré vermelha e foi dono da segunda maior redução de demanda. Em março, o país encomendou 44 unidades, 55 a menos do que em fevereiro.

Neste caso, uma das principais explicações, destacou Sousa, a Aliança Pacífico, na qual o Chile participa junto com México, Colômbia e Peru, tem se fortalecido cada vez mais. Em fevereiro, por exemplo, eles anunciaram que zeraram as tarifas de comércio exterior de 90% de produtos vendidos e comprados por seus integrantes.

Enquanto a Aliança Pacífico se fortalece, principalmente com a presença do México e também com a intenção de integrar países asiáticos, há certa estabilidade nas relações do Mercosul, opinou Sousa. “Pode estar ocorrendo uma substituição da demanda, gradativa e leve, do Brasil pelo México. Lá a realidade é outra. É um país mais experiente, um dos que participam do maior número de acordos comerciais no mundo.”

Entra na conta da exportação de São Bernardo ainda a África do Sul, com 99 aquisições de caminhões de São Bernardo, também com queda, no caso de 27 unidades.

Tal cenário, agregado à desaceleração do mercado interno brasileiro, tendo em vista que apenas em março houve queda de 11% nos licenciamentos de caminhões, passando de 10.434 unidades, em fevereiro, para 9.239 no mês passado, contribui para que as montadoras mantenham suas decisões de reduções de produção e custo.