Roubo de cargas cresce no primeiro semestre em São Paulo

Um balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo aumenta o retrospecto negativo do roubo de cargas no estado. O índice deste tipo de crime cresceu 17% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011, chegando a 3.913 ocorrências registradas.
 
O problema do roubo de cargas não é recente. Os números se mantém acima das 3 mil ocorrências pelo menos desde 2005, com o pico anterior em 2009, quando o primeiro semestre teve números mais próximos dos verificados em 2012 até agora, com 3.809 ocorrências. No ano passado, as 6.958 ocorrências registradas durante o ano causaram um prejuízo de quase R$ 300 milhões para o setor de transportes, segundo a secretaria.
 
Entre as principais áreas de incidência dos roubos estão a região de Campinas, Sumaré, Indaiatuba e Viracopos, de acordo com Autair Iuga, presidente do Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo. "Os roubos sempre ocorreram num raio de 150 quilômetros da capital, mas neste ano este raio diminuiu para 100 quilômetros. Eles estão acontecendo muito porque grandes fabricantes de eletrônicos, como Dell e Foxconn, estão nessa região", conta Iuga.
 
Como grande parte dos bens de consumo e da produção brasileira circulam por rodovias, o roubo de carga afeta não apenas os frotistas. "Por mais que o transportador vá receber o seguro, tem a frustração do cliente que ia receber a mercadoria, que terá de ser reembarcada, gerando novos custos de frete, pedágios, entre outros. No fim, quem paga a conta é o consumidor", afirma Iuga.
 
Legislação branda é questionada pelo setor
 
Outra briga do setor é contra o abrandamento da legislação que trata deste tipo de crime. Segundo o assessor de segurança do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo, Paulo Roberto Souza, a entidade vem tentando contato com parlamentares para uma mudança nesse sentido. "Trabalhamos junto a órgãos governamentais buscando mudar a legislação, principalmente para o crime de receptação qualificada. Hoje, quando o sujeito é apanhado de posse de um veículo roubado, ele paga fiança e vai embora, mesmo em flagrante", afirma Souza.
 
Os criminosos normalmente utilizam armamento pesado para uma ação de roubo de cargas. Além de recorrer aos chamados jammers, equipamentos que bloqueiam o sinal dos rastreadores, eles rendem a escolta, inutilizando o veículo, e interceptam o caminhão, sequestrando o condutor. "Normalmente, é uma ação bastante organizada, com armamento de grosso calibre, como o fuzil 762 ou 556, armas que as escoltas não têm acesso. No meu ponto de vista, deveria haver uma integração maior entre as polícias, que demoram muito para trocar informações", ressalta Iuga.