Rio Claro (SP) desenvolve trabalho com ciclismo reconhecido nacionalmente

Com estrutura diferenciada, o Polo da cidade do interior de São Paulo tem feito a diferença na vida de jovens e adultos da região e conta com uma seleção de elite da modalidade.

A visita da nossa reportagem pelas unidades que implementam o projeto Polo Olímpico do SEST SENAT fez uma parada em Rio Claro, a cerca de 200 km de São Paulo (SP). Por lá, o SEST SENAT mantém uma equipe de elite do ciclismo brasileiro, que conta com 36 atletas ligados ao transporte e 17, à comunidade. Referência na modalidade, a equipe é respeitada em todo o país.

A unidade tem uma pista de cross country, construída em parceria com a Federação Paulista de Mountain Bike. Nas conversas com o grupo, percebemos que o trabalho ali realizado vai além da revelação de talentos e do aprimoramento técnico: ele é decisivo para modificar a realidade de muitas pessoas em estado de vulnerabilidade social.

Para o taxista Elvis Esteter, 40 anos, que já foi ciclista profissional por duas décadas e está no Polo desde o primeiro dia, o projeto permite afastar jovens da criminalidade. Segundo Esteter, há casos de adolescentes cuja salvação foi estar na equipe do Polo, em função da triste realidade na qual estão inseridos.

“Muitos meninos que estão aqui são provenientes de bairros mais pobres e expostos à violência. Há um caso de um atleta que hoje é o campeão brasileiro de pista, mas que perdeu os pais e tinha um primo diretamente relacionado com o crime organizado. Foi isso aqui [referindo-se ao SEST SENAT] que o salvou.”

O atleta considera que a instituição vem transformando a realidade de Rio Claro ao longo de mais de seis anos, graças a um trabalho sustentável e longevo. “Posso afirmar que, em termos de estrutura, não existe no Brasil algo semelhante ao que temos aqui. Isso faz uma diferença enorme. Além de toda a importância social, o Polo revela, por ano, pelo menos um atleta com potencial para disputar as principais competições de elite do mundo”, declara.

Quem pode se encaixar nesse universo é João Vitor Castro Fabri, 15 anos, filho de caminhoneiro. Ele ingressou na equipe em 2015 por influência do pai, que utilizava as instalações do SEST SENAT. Atualmente, o atleta tem despontado como uma revelação do ciclismo brasileiro.

“Logo na minha primeira corrida, com 12 anos, já consegui disputar o pódio. Isso me encheu de ânimo para continuar. No mesmo ano, fui vice-campeão paulista de XCO e vice-campeão estadual de maratona. Já fui top 5 no Desafio JP Ravelli e, em 2017, conquistei o oitavo lugar geral no desafio internacional de 70 km em Brasília.” Fabri revela que, se não fosse a estrutura que tem à disposição, não teria condições de levar adiante o sonho de se tornar um dos maiores ciclistas do país.

Uma das estrelas do Polo, Danilas Ferreira da Silva, 26 anos, de família de transportadores, já tem uma vida de atleta profissional consolidada, tendo passado pelos principais clubes da modalidade no país e conquistado praticamente todos os títulos nacionais possíveis e diversos internacionais.

Ela chegou à seleção brasileira em 2014, mas, por questões financeiras, não pôde dar continuidade. Foi quando ela ingressou no Polo de Rio Claro e, desde então, não deixou mais a equipe. “Eu sou apaixonada pelo ciclismo. Tenho a certeza de que o trabalho sério realizado aqui renderá muitos frutos e revelará muitas estrelas para o esporte nacional.”

Fonte: Sest Senat – 10/05/2018