Restrição a caminhão em SP traz prejuízo à região

A lei que proíbe a circulação de caminhões na Marginal do Tietê e em outras 27 vias da cidade de São Paulo nos horários de pico de trânsito deve causar queda de pelo menos 20% no volume de entregas das transportadoras da região Metropolitana de Campinas (RMC) na Capital, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Campinas e Região (Sindicamp).
As companhias já aumentaram seus gastos com o frete para se adequar à determinação, que entrou em vigor na última segunda-feira. A restrição vale de segunda a sexta-feira, das 5h às 9h e das 17h às 22h, e aos sábados, das 10h às 14h.
Para contornar as restrições, algumas empresas se viram obrigadas a renovar a frota e adquiriram veículos menores. Outras estão terceirizando suas entregas ou até mesmo recusando algumas demandas de fábricas paulistanas ou de Guarulhos. Segundo o Sindcamp, o ônus da logística mais cara deve ser repassado em breve ao consumidor final.
 
Nova frota
O vice-presidente do sindicato e diretor da Capivari Transportadora, José Otávio Bigatto, comprou 14 veículos menores para fazer as entregas na capital. Além disso, afirmou que vai precisar contratar pessoal – carregadores e motoristas – para trabalhar nas caminhonetas extras.
“O horário da restrição é muito longo. São poucas as empresas que recebem carga à noite. Se não investíssemos na frota, teríamos que parar de trabalhar”, explicou.
Bigatto disse ainda que a Prefeitura de São Paulo não consultou nenhuma das associações que representam a categoria antes de fazer valer a determinação. “Todos, tanto prefeitos como deputados, lavaram as mãos. Acho que esqueceram que a cidade precisa ser abastecida. Trem e avião não chegam às portas das fábricas. Há meses o sindicato pede um audiência com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, mas ele não nos recebe. Não vejo nada de técnico na decisão da restrição, só politicagem. Nos horários em que os caminhões podem circular, a cidade também vai ter congestionamento”, afirmou o empresário.
Na terça feira, segundo dia de restrição de caminhões na Marginal do Tietê, São Paulo registrou o maior índice de congestionamento do ano, com 153 quilômetros de ruas e avenidas com trânsito carregado às 11h30. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da capital, o motivo foi o excesso de veículos, principalmente de caminhões pesados.
 
Prejuízo
Todas as empresas da RMC sofrerão com os impactos da restrição, segundo Bigatto, e em menos de um mês as transportadoras devem fazer um reajuste no preço do frete dos produtos. “No final, quem paga é o cidadão. Isso vai acabar por encarecer as mercadorias”, completou.
O diretor-executivo da Transportadora Fenix, que tem sede em Campinas, Paulo Fernando Kujiraoka, acredita que a empresa deixará de fazer pelo menos 60% das entregas na capital por conta da restrição. “Não temos condições de comprar veículos novos agora. Um caminhão menor custa entre R$ 90 mil e R$ 120 mil. Uma das soluções temporárias que encontramos foi repassar as entregas para outras empresas, para não perdermos nossos clientes”, explicou Kujiraoka.
Outra solução encontrada pelo diretor foi fazer o trajeto até Guarulhos pela Rodovia Fernão Dias. “São 30 quilômetros a mais, então gastamos mais com combustível. De qualquer jeito, temos prejuízo”, completou.
Para respeitar o horário da proibição, André Alves de Godoy, gerente comercial da City Log, outra transportadora de Campinas, mudou toda a programação de saídas da empresa. “Agora todos os caminhões pesados saem à noite direto para Guarulhos. Estamos nos esforçando para fazer as entregas até às 4h da manhã”, disse. Do total de fretes da empresa, 95% são para fábricas da capital.
“Estamos tentando segurar os preços para os nossos clientes. Temos veículos menores, mas eles não dão conta. São necessárias mais viagens. Essa mudança foi um transtorno”, concluiu.
  
8/3/2012