Produção de carros bate recorde em outubro

As montadoras seguem em ritmo acelerado de produção. O setor registrou, no mês passado, o maior volume de veículos fabricados em outubro de toda a sua série histórica no País (desde 1957), apontou ontem a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Foram produzidas, de acordo com levantamento da entidade, 323,8 mil unidades de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Na comparação com setembro, houve leve retração, de 2,5%. A queda, porém, foi considerada normal pelo presidente da Anfavea, Luiz Moan, que atribuiu o resultado às paralisações nas fábricas no mês passado e também aos ajustes na linha de montagem para entrada de novos modelos.

Mesmo assim, o segmento também superou, pela primeira vez na história, a marca de mais de 3 milhões de veículos produzidos ao longo dos dez meses do ano, ao somar 3,17 milhões de unidades fabricadas. Essa quantidade, de janeiro a outubro, é 12,4% maior do que a do mesmo período de 2012.

O segmento apresentou, no mês passado, o mesmo nível de carros em estoques de setembro. Nos pátios das fabricantes e nas concessionárias, foram contabilizados 439,7 mil veículos prontos para venda, o que corresponde a 40 dias para comercialização (pelo ritmo atual da demanda). Para Moan, até 40 dias está dentro da normalidade, pelo fato de, atualmente, ser grande o número de concessionárias (mais de 5.000) e de marcas e modelos no País. Há analistas, no entanto, que consideram que o patamar saudável seria de 25 a 30 dias.

DESCOLAMENTO – A ligeira melhora das vendas de veículos fabricados no País – que têm crescimento de 2,2% no ano até outubro, ante igual período de 2012 – e a forte expansão das exportações (expansão de 30%, pela mesma comparação) colaboram para escoar, pelo menos em parte, a grande quantidade de carros que saem da linha de montagem neste ano. Incluindo os importados, foram 3,11 milhões de unidades licenciadas nos dez primeiros meses, o que significa queda de 0,5% em relação ao total vendido de janeiro a outubro do ano passado.

 A expectativa da Anfavea é que se reduza a distância entre fabricação e o volume comercializado neste fim de ano. Isso porque, com a entrada do 13º salário e a previsão de retirada, pelo menos parcial, do incentivo do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, as vendas devem se aquecer nesses últimos dois meses. Até 31 de dezembro a alíquota do imposto para carros 1.0 ficará em 2%. O patamar normal é de 7%.

Segundo Moan, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, há poucos dias, que a partir de janeiro haverá um pequeno ajuste, ou seja, a alíquota vai subir. Isso somado à obrigatoriedade de que os veículos saiam de fábrica em 2014 com ABS e airbag, deverá haver majoração de preços ao consumidor no ano que vem.

Por causa desses fatores, a associação das montadoras está mantendo a projeção de crescimento de 1% a 2% nas vendas neste ano em relação a 2012. Já a produção deve desacelerar em dezembro, por causa de paradas de fim de ano.

LEASING – O governo federal publicou no fim de outubro lei que altera regras do leasing de veículos. As mudanças, que contemplam reivindicações da indústria automotiva, deixam mais claro juridicamente que multas de trânsito e atrasos em pagamento de tributos sobre os veículos são de responsabilidade do comprador e não do banco.

A questão é importante, pois as instituições financeiras (que permanecem com a propriedade do veículo até a quitação de todas as parcelas) vinham sendo interpeladas na Justiça a arcar com essas dívidas. A expectativa no setor é que a nova regra ajude a impulsionar a modalidade de compra financiada.