Pedágios das principais rodovias têm reajustes acima da inflação, diz Ipea

Quem trafega pelas principais rodovias brasileiras paga pedágios com reajustes acima da inflação e mais caros que os do exterior. É o que mostra estudo apresentado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No caso de concessões antigas, usuários terão de arcar com valores acima da inflação ainda pelos próximos dez anos.
 
 
Concessionárias que operam em Rio, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul têm praças com valores acima da média nacional e internacional. "Isso demonstra favorecimento contínuo das concessionárias em detrimento dos usuários ao longo de 15 anos", diz a pesquisa.
 
Um dos exemplos citados é o da concessionária CRT, na BR-116, no Rio, que aumentou a tarifa 168% além da inflação medida pelo IPCA. O ranking de reajuste previsto nos velhos contratos inclui as empresas Concepa, que opera na BR-290, no Rio Grande do Sul (148%); a Ponte, na Ponte Rio-Niterói (118%) e a Nova Dutra, na Via Dutra (88%).
 
O estudo pondera que as campeãs de reajuste conseguiram a concessão para operar trechos da malha federal na primeira etapa do processo, de 1995 a 1998. Embora o governo tenha corrigido as distorções em 2008 e 2009, obtendo valores até 70% mais baixos, o Ipea destaca que o problema não foi solucionado nas concessões antigas. E se manterá por mais uma década.
 
Mesmo com aumento de tarifas, o trecho federal operado por empresas privadas carece de melhorias. O Ipea apresentou estudo da Confederação Nacional de Transportes (CNT) que indica que 12% do trecho privatizado está em situação regular. A situação é mais dramática no não privatizado, que tem 32% em estado ruim ou péssimo. O Ipea indica ainda que concessões de rodovias estaduais também beneficiam mais empresas que usuários. No Rio, a média de tarifa é de R$ 12,93 por 100 km; em São Paulo, de R$ 12,76.
 
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias considerou o estudo "inconsistente" e a comparação internacional "inadequada". "A taxa usada foi de R$ 1,60/dólar. Considerando o R$ 1,82 de 30 de março, o resultado seria diferente."
 
 20/4/2012