Paraná ainda tem 83% das rodovias em pista simples

Fatia é menor do que os 86% identificado em pesquisa de 2013, mas estado geral piora e metade das estradas fica com nota regular, ruim ou péssima
 
O percentual de rodovias paranaenses em pista simples caiu de 86,0% em 2013 para 83,2% neste ano, mas o estado geral das estradas piorou, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada ontem pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). A fatia de notas regular, ruim ou péssima para as vias foi de 37,2% em 2013 para 50,7% neste ano.
 
As rodovias que não são consideradas ótimas ou boas, conforme a definição da CNT, são as que apresentam buracos, trincas, afundamentos e ondulações, entre outros problemas. Defeitos do tipo podem causar acidentes e elevar os custos do transporte em até 37,6%, informa o estudo. No ano passado morreram 8.551 pessoas em cerca de 186 mil acidentes nas rodovias federais do País. "As condições gerais ruins das rodovias aumentam os riscos e muitas vidas poderiam ser poupadas, caso oferecessem uma melhor infraestrutura. Com certeza, seriam 90 mil acidentes a menos e 4 mil mortes a menos", diz o presidente da CNT, Clésio Andrade.
 
Com os defeitos em rodovias, os gastos de operação e o tempo de viagem aumentam, o que afeta o custo final do transporte de cargas e de passageiros. O acréscimo médio no País é de 26%, de acordo com a pesquisa. O presidente da Federação de Empresas de Transporte de Carga do Estado do Paraná (Fetranspar), Sérgio Malucelli, afirma que uma estrada ruim pode elevar o consumo de diesel em até 6%, por exemplo.
 
Para Malucelli, o principal problema ainda é a falta de vias duplicadas, ainda que ele considere avanços nos últimos anos na gestão das estradas no Paraná. "Tantas pistas simples é sinal de que os governos pouco fizeram nos últimos anos. Houve melhora nos últimos tempos, mas não é significativa", diz.
 
O presidente da Fetranspar lembra que as principais obras nos últimos anos foram em rodovias concessionadas. Apesar de acreditar que os impostos viários pagos já deveriam ser o bastante para que os governos federal e estadual promovessem melhorias, ele diz que o setor não se coloca como contrário à administração das estradas por meio do pedágio. "Sempre lutamos para que essas concessões ou PPPs (parcerias público-privadas) tivessem valores compatíveis com os custos do setor produtivo", diz.
 
Conforme o estudo da CNT, o volume de recursos destinado ao transporte no Brasil é insuficiente. Andrade diz que o governo tem dificuldade de executar projetos e a participação da iniciativa privada se tornou fundamental. "As concessões são um importante caminho para melhorar as condições das rodovias e contribuir para o crescimento do País. A situação das rodovias sob gestão pública está muito pior em relação às concessionadas", afirma.

Em uma das classificações na pesquisa, as rodovias foram divididas por tipo de gestão, pública ou concedida, por Estado e regiões geográficas, por corredores rodoviários e por tipo de rodovias, federais ou estaduais. E 74,1% das rodovias concedidas tiveram classificação ótima ou boa, índice que ficou em 29,3% nos trechos sob gestão pública.
 
A Secretaria do Estado de Infraestrutura e Logística (SEIL) foi procurada na tarde de ontem para falar sobre a situação das estradas, mas não respondeu às peguntas até o fechamento desta edição.
 
Investimentos
 
O Plano CNT de Transporte e Logística aponta para a necessidade de R$ 293,88 bilhões em investimentos somente para o modal rodoviário. O valor público federal autorizado para as rodovias para 2014 foi de R$ 11,93 bilhões e até 30 de agosto, R$ 6,54 bilhões, ou 54,8%, haviam sido pagos.
 
A duplicação de rodovias demanda 74 projetos, com custo de R$ 137,13 bilhões. A adequação de rodovias precisa de 187 projetos com custo de R$ 10,17 bilhões e a recuperação de pavimento, 175 propostas e R$ 48,25 bilhões. É preciso gastar outros R$ 47,33 bilhões na construção de 85 rodovias e mais R$ 51 bilhões para a pavimentação de 97 estradas.