Novo ano será difícil para setor de petróleo e gás

É difícil listar os desafios que as petroleiras brasileiras vão enfrentar em 2014 sem mencionar as dificuldades herdadas do ano que está acabando. Mais fácil começar com as surpresas positivas de 2013, como o três leilões realizados de áreas de petróleo depois de cinco anos desérticos.

A oferta do megacampo de Libra, o primeiro da partilha de produção na área do pré-sal, vai trazer investimentos importantes da europeias Shell e Total, duas gigantes que estão no país há muito tempo mas com participação até então tímida na produção brasileira. Cabe ressaltar também o aparecimento das estatais chinesas CNPC e CNOOC no cenário brasileiro.

Fora os pontos positivos, no próximo ano se verá a batalha da Petrobras para reajustar preços dos combustíveis, em um ambiente eleitoral hostil, enquanto terá que manter um ritmo pesado de captações junto a um mercado financeiro nada satisfeito com o tratamento que vem sendo dado por seu controlador – o governo.

Nesse ambiente, a estatal terá que e entregar substancial aumento da produção de petróleo, ao mesmo tempo em que terá que negociar com o governo, até setembro, os novos parâmetros de preços, custos e volumes de petróleo recuperáveis das áreas da cessão onerosa que serviram de base para a capitalização de 2010.

Foram destaque também as agitações causadas pela OGX e suas superestimativas de resultados e reservas que, como se viu, não eram, nem de longe, tudo aquilo que a empresa dizia. No próximo ano, se verá se a petroleira criada por Eike Batista, que teve o nome mudado para OGP, conseguirá sair de fato da recuperação judicial (ver reportagem acima). Nesse cenário, a OGX emergirá do processo como uma companhia petrolífera de pequeno porte, com uma base de ativos menor e com uma produção que será atentamente acompanhada já estará garantindo as pesadas dívidas tomadas pelos gestores no passado.

O que se desenha para a HRT é uma disputa feroz no conselho de administração pelo controle da companhia, tendo de um lado Márcio Mello, seu fundador, e de outro os acionistas minoritários liderados pelo fundo americano Discovery, que é o maior acionista individual da companhia. Tudo indica que o Discovery preparava um "take over" (aquisição hostil) da HRT que seria possível a partir da retirada de uma cláusula que obriga qualquer acionista com 20% ou mais a comprar a participação de outros.

O afastamento dos dois membros do conselho de administração indicados pelos americanos e a posterior renúncia de seis conselheiros, deverá ter novos capítulos no início do ano. Tudo indica que a companhia continuar frequentando as páginas do noticiário econômico mais em função dessa disputa do que por notícias "boas" relacionadas a novas descobertas viáveis e à produção de petróleo. É aguardar para ver o desenrolar.

Com tamanha turbulência no setor no último ano, são grandes as expectativas quanto às investigações que a Comissão de Valores Mobiliários está conduzindo para analisar a performance da gestão tanto da OGX como da HRT. Os resultados dirão se os investidores vão se sentir seguros para investimentos futuros em empresas da indústria de petróleo e gás no Brasil.