Novo acesso ao Porto de Santos é proposto

Um projeto que busca um novo acesso para desafogar os acessos à Baixada Santista e, especialmente, ao Porto de Santos, é preparado por uma construtora que participou do projeto do Rodoanel.
 
Criado pela Contern Construções e batizado de Via Mar, o projeto contempla uma rodovia, soluções modais e plataformas para alavancar uma nova dinâmica no sistema viário e no fluxo de cargas que entra e sai do Porto.
 
“A carga está descendo pela Anchieta. Continua o acesso ao Porto de Santos sendo feito por uma rodovia que foi projetada em 1943. Pelo amor de Deus. O Porto, naquela época, recebia caminhão de saca de café. Agora, é contêiner, é tudo”, comentou Wagner Leite Ferreira, ex-professor da Unesp, consultor da Contern nas áreas de conceito do eixo rodoviário, plataformas logísticas e de intermodal.
 
De acordo com a proposta, a primeira fase contempla a rodovia, que terá uma extensão de 36 quilômetros e ligará Suzano, a partir do Rodoanel Leste, até Santos. O trajeto inclui um trecho principal de túnel contínuo, com extensão entre 21 e 23 quilômetros no meio do parque estadual da Serra do Mar.
 
O trajeto parte de uma interligação onde se localizam o trecho leste do Rodoanel Mario Covas, a Estrada dos Fernandes e a Rodovia Índio Tibiriçá. Na Baixada Santista, ela cruzará a Rodovia Cônego DomEnico Rangoni, próximo ao acesso à Ilha Barnabé, e seguirá ao nível do solo até entrar em um túnel submerso que atravessará o canal do Porto e fará a ligação com a avenida portuária. A nova rodovia contará com 2 pistas de 3 faixas de trânsito por sentido e velocidade diretriz de 120 km/h. A expectativa é de que 15 mil caminhões/dia passem pela rodovia.
 
Para Leite Ferreira, a principal dificuldade dentro do projeto é o trecho que atravessa o parque estadual. “A maior complexidade da obra está no parque estadual da Serra do Mar. A engenharia, hoje, resolve qualquer coisa com qualquer método construtivo, mas quando você entra numa área complicada como essa você tem que evitar ‘machucar’ essa área. Por isso, toda a área que atravessa o parque tem que ser por túnel”.
 
Ele também destacou a importância da construção do túnel submerso que atravessará o canal do Porto. “Se você está imaginando que esse porto, daqui a 10 anos, estará operando com 200 milhões de toneladas, toda obra que você fizer será complementar a outra. Esse túnel tem um fator maior de integração do porto com o porto. Se você pegar qualquer porto europeu ou em Cingapura, as margens são interligadas por túneis de operação do porto. Agora, o túnel que querem fazer mais para o meio da cidade, é uma ligação absolutamente necessária entre Santos e Guarujá, que já necessária há 50 anos. Fazer uma obra não inviabiliza outra. As duas têm que ser feitas”.
 
Na segunda fase há a possibilidade de serem incluídas composições de trens sendo ainda possível, de acordo com a construtora, a instalação de dutos com alta capacidade para conduzir produtos líquidos e combustíveis em suas variadas formas.
 
“O eixo dará o espaço para a ferrovia, não irá construí-la. Depois vai se chamar as concessionárias que queiram fazer a ferrovia e já fica o espaço reservado”, destacou Wagner, que ainda ressaltou que a rodovia promoverá a integração das áreas continental e insular de Santos. “Falta como chegar lá, arrumar aquilo. Daria a oportunidade de puxar o Porto para lá”.
 
O Via Mar tem um custo aproximado de até R$ 8 bilhões. Por isso, o consultor explicou que é necessária a parceria com a iniciativa privada. “Vai ter que jogar a iniciativa privada nisso até porque o governo tem prioridade na área social, na saúde, na educação, na segurança. É evidente que infraestrutura e transportes é tão importante quanto, mas você está num lugar que falta dinheiro, primeiro você precisa comer. O aspecto social não pode ser descartado. Por isso, que esse é um chamamento para a iniciativa privada fazer junto com o Governo”.
 
Plataformas
O projeto também inclui três plataformas, sendo uma no planalto e duas na Baixada Santista. A Plataforma Nava, na região do planalto e antes da descida da serra, terá acesso pelo Rodoanel e uma estrutura que inclui pátio para estacionamento de caminhões, com conveniências para caminhoneiros e postos de abastecimento e manutenção de veículos; áreas para carga, descarga e armazenagem de mercadorias; suporte alfandegário; condomínio industrial, para instalações; além de edifícios comerciais com uma ampla rede de apoio.
 
De acordo com Leite Ferreira, seria a forma de “transferir parte de operação do Porto diretamente para o planalto”.
 
Na Baixada Santista, as plataformas logísticas Marine 1 e 2 distribuirão os produtos para o carregamento de balsas e navios. A Plataforma Marine 1 terá todos os recursos da Plataforma Nava, mas fará o carregamento e o descarregamento de balsas transportando contêineres. Essas balsas irão navegar pelo canal indo ao encontro de navios atracados em dolfins.
 
A Plataforma Marine 2 servirá para armazenar e transportar grãos e minérios. Por meio de um sistema de esteiras rolantes, os produtos sairão automaticamente dos armazéns e silos carregando os navios atracados em dolfins.
 
“Essas bases são acessórias do projeto principal. Elas não entram. É chamar a iniciativa privada para construir e ocupar essas bases. É como num plano diretor municipal. Tem um plano diretor de uso e ocupação do solo que diz que ali se pode fazer um shopping, mas não quer dizer que a prefeitura irá construir, nem o governo. Temos que deixar a ideia montada e costurada para que ali sejam plataformas. Deixar o espaço e com certeza a iniciativa privada virá”, concluiu Wagner.