Movimentação de cargas cresce 9,4% no porto de Santos em 2013

As condições impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o lançamento dos editais para arrendamento de nove terminais em Santos frustraram os planos do governo de lançar as licitações ainda neste ano.

Mesmo com os megacongestionamentos que enfrentou neste ano e sem poder aproveitar integralmente a oferta de novas áreas, o porto de Santos encerrará o exercício com um salto de 9,4% na movimentação de cargas sobre 2012, chegando a 114 milhões de toneladas. O resultado supera não só a perspectiva inicial para o ano, de 109 milhões de toneladas, como a projeção feita para 2014 – num cenário base em que o porto movimentaria 107 milhões de toneladas. Para 2014, agora, a projeção revista é de 122 milhões toneladas.

O forte desempenho de Santos – que, respondendo pelo escoamento de quase 25% da balança comercial, cresce sobre uma base já muito dilatada – impõe desafios. Entre eles a eliminação de gargalos viários para receber a demanda que não para de crescer num momento em que a renovação do parque de terminais sofrerá algum atraso. As condições impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o lançamento dos editais para arrendamento de nove terminais em Santos frustraram os planos do governo de lançar as licitações ainda neste ano.

Para melhorar o tráfego interno do porto, está prevista a licitação de três obras viárias no valor total de R$ 600 milhões. Entre elas está o "mergulhão", uma passagem subterrânea para separar o tráfego urbano do de cargas. No acesso ao porto, o governo anunciou medidas para regular o caminho da carga entre origem e destino, usando pátios reguladores no planalto paulista. E projetos conjuntos entre os governos municipal, estadual e federal para ampliar as opções de acesso ao porto devem apontar soluções futuras.

Segundo o presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Renato Barco, a alta de 9,4% prevista para este ano é uma "prova do potencial de Santos", ainda a principal escolha dos armadores e embarcadores devido à localização e pluralidade de instalações.

Em 2012, Santos avançou 7,6%, quase quatro vezes o índice de expansão do conjunto de portos públicos e privados brasileiros, cujo alta no período foi de 2%. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que faz esse levantamento, ainda não fechou o número deste ano.

O perfil da movimentação mostra a relevância de Santos para todos os tipos de carga. Granéis sólidos, empurrados pelo agronegócio, devem ter alta de 12,4% e responder por 50% da tonelagem total neste ano; a carga geral (incluindo a conteinerizada) deve crescer 8% e responder por 35,9% do volume global; e líquidos, 2,9% e 14%, respectivamente.

"O agronegócio cresceu muito e foi justamente o que teve impacto maior no crescimento do PIB. Os resultados mostram ainda um potencial muito grande a ser desenvolvido, mesmo com todos os desafios que o porto tem", disse Barco. Entre os principais, o executivo destaca as dificuldades com processos judicializados – em obras como recuperação e adequação dos berços. Também a dragagem do canal de navegação enfrentou problemas. O contrato para execução do aprofundamento e manutenção da profundidade terminou, mas o consórcio responsável não conseguiu manter a meta contratual de rebaixar o porto a 15 metros. O canal foi homologado – crivo da Marinha que atesta a nova medida e libera a navegação para navios maiores – com profundidades entre 14,5 metros e 14,9 metros. Conforme o Valor já informou, cada dez centímetros representa um potencial de carregamento de 70 contêineres ou até 3 mil toneladas, dependendo do navio-tipo.

"Foi um avanço muito importante, mas não o desejável. Nós homologamos 75% do canal, mas há o comprometimento de que outra boa parte do último trecho seja homologada até o fim de janeiro", pondera Barco.

Com parte do canal oficialmente aprofundada e alargada, o porto tem sido frequentado por navios maiores. Tanto que o número de atracações caiu 5,5%, apesar do aumento do volume de cargas. Para 2014, a estimativa é que essa redução seja de 2,5%.

Segundo Barco, a projeção de crescimento de quase 7% no fluxo de cargas em 2014 será fortemente impulsionada pela movimentação de contêineres. Com a operação a pleno vapor da BTP e da Embraport, que entraram em operação com atraso sobre a previsão original, Santos voltará a crescer dois dígitos na movimentação de contêineres. A Codesp projeta um salto de 12,3%, chegando a 3,9 milhões de Teus (unidade de contêiner padrão de 20 pés) em 2014.