Mapeamento da demanda do Sul e de países vizinhos

A proposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é mapear a demanda por transporte de carga em 2020 nas cinco regiões do país e projetar as melhores alternativas de infraestrutura. Isto tudo com um custo de investimento compatível com a realidade brasileira, evitando gargalos que reduzam a competitividade da produção nacional. A tarefa foi entregue à consultoria Marcologística, liderada por Renato Pavan e Olivier Girard. Entre 2009 e 2010, os trabalhos se concentraram no diagnóstico e soluções para a região Norte, a mais carente de infra- estrutura de transportes e a mais desafiadora, pelos cuidados necessários para não colocar em risco seu valioso patrimônio ambiental.
 
O projeto Norte Competitivo, apresentado em 2011, chegou a um universo de 73 obras orçadas em R$ 13,8 bilhões. Destas, 55 estão em andamento, diz Renato Pavan. Na região Norte, a Macrologística também foi contratada para acompanhar o desenvolvimento de cada projeto até a abertura da licitação para o empreendimento. "Trabalhamos como articuladores das propostas, engajando os diferentes atores, como as entidades empresarias da região, as agências reguladoras, os governos federal e estaduais e investidores na busca de soluções que viabilizem as obras."
 
Para chegar às 51 propostas prioritárias no projeto Sul Competitivo, foi necessário um ano de trabalho de uma equipe multidisciplinar – formada por engenheiros, economistas, administradores e geógrafos -, comandada por Olivier Girard. O trabalho foi dividido em duas etapas. A primeira, o diagnóstico, contou com a análise da produção atual e do potencial econômico até 2020 das principais cadeias produtivas instaladas nos três Estados, assim como suas demandas por transporte. As necessidades de empresas que trafegam com suas mercadorias pela região também foram consideradas. Realizaram-se 180 entrevistas pessoais em empresas, associações produtivas e autarquias do Sul e dos países vizinhos – Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile. Em paralelo, foram avaliadas as condições atuais de rodovias, ferrovias, portos e rios navegáveis e dos projetos de melhoria em andamento, identificando os atuais gaps de infraestrutura e os esperados para 2020.
 
O resultado foi a identificação de 177 obras necessárias, sendo 117 para a integração nacional e 60 para a integração com os países do Mercosul. Um conjunto de obras que demandariam investimentos de R$ 70,3 bilhões e que reduziriam custos em R$ 4,1 bilhões por ano, de R$ 47,8 bilhões para R$ 43,7 bilhões, com transporte da região em 2020, levando- se em consideração apenas fretes, pedágios, transbordo, custos de terminais e tarifas portuárias.
 
A segunda etapa foi priorizar as propostas até chegar aos 51 projetos prioritários, em oito eixos de interligação, para oferecer a melhor relação custo-benefício e a melhor relação de impacto socioambiental.
 
Segundo Girard, foi desenvolvido um modelo otimizador que simulou o fluxo de cargas na região e a economia gerada no custo logístico total quando um novo eixo de integração é incluído. "O objetivo era detectar as obras que trarão o maior impacto na redução do custo logístico das empresas da região."
 
As 51 obras prioritárias demandam R$ 15,2 bilhões em investimentos e podem gerar economia de R$ 3,4 bilhões por ano, tendo como base a demanda de 2020. "Com um quinto do investimento necessário para os 177 projetos iniciais, será possível alcançar mais de 80% da economia potencial", diz Girard. Por fim, a consultoria elaborou um sumário financeiro dos projetos prioritários e concluiu que a média é de 4,5 anos para o retorno financeiro dos investimentos.
 
Desde agosto, a tarefa da consultoria tem sido apresentar o projeto para autoridades do governo federal e dos governos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, bem como para os dirigentes das três federações de indústrias dos Estados do Sul, patrocinadoras, em parceira com a CNI, do trabalho. A meta é engajar a sociedade na implementação das soluções propostas.
 
No fim de outubro, a Macrologística entregou o projeto Nordeste Competitivo. Os nove Estados da região demandam investimentos de R$ 71 bilhões em 196 projetos para equacionar seus problemas logísticos. Mas, utilizando-se do mesmo modelo otimizador empregado no Sul Competitivo, a consultoria chegou a 83 projetos prioritários orçados em R$ 25,8 bilhões a serem implantados em oito anos, com 90% dos recursos aplicados em projetos ferroviários e em portos. Atualmente, apenas um quarto dos 83 projetos considerados prioritários está em andamento. Desde setembro, um grupo de 33 profissionais da Macrologística estuda as necessidades logísticas do Centro-Oeste, trabalho previsto para ser entregue em 2013, quando serão iniciados os estudos referentes às demandas logísticas do Sudeste.