Logística precisa melhorar

As empresas brasileiras estão prontas para atender à crescente demanda por alimentos dos países árabes, segundo empresários e dirigentes de entidades e agências de fomento às exportações. Entretanto, elas precisam investir, continuadamente, em logística de distribuição e transporte e, principalmente, em tecnologia, para manter o atual ritmo de produtividade do agronegócio no país.
 
Só no segmento sucroalcooleiro, por exemplo, a previsão é de investimentos de US$ 1,5 bilhão, até 2015, para melhorar a logística de escoamento da produção de açúcar e etanol. "Os investimentos em ferrovias, terminais e portos reduzirão em 20% os custos logísticos de entrega do açúcar, o que vai aumentar o poder de atratividade do produto brasileiro no comércio internacional", destacou Luiz Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, no painel "Brasil como celeiro alimentar do mundo", no seminário sobre as relações econômicas entre o Brasil e os países árabes.
 
"O Brasil tem capacidade de ser um parceiro confiável para a segurança alimentar no mundo. Hoje, as empresas brasileiras suprem o comércio internacional de açúcar com 27 milhões de toneladas de açúcar, de uma demanda total estimada em 63 milhões de toneladas. As necessidades por mais açúcar crescem, especialmente nos países emergentes, da Ásia e do Oriente Médio. Daqui a oito anos, o Brasil terá condições de fornecer 37 milhões das 72 milhões de toneladas requeridas no mercado mundial", diz o presidente da Copersucar, que reúne 48 usinas com capacidade de moagem de 143 milhões de toneladas na safra 2011/12.
 
No ano passado, segundo Pogetti, as exportações brasileiras de açúcar foram de US$ 15 bilhões, dos quais US$ 5 bilhões para os países árabes. A Copersucar faturou US$ 3,4 bilhões com exportações, sendo 40% para os países árabes.
 
As exportações brasileiras de carne também cresceram notavelmente nos últimos anos, mas grandes oportunidades se abrem atualmente para incremento do comércio com os países árabes, segundo João Sampaio, vice-presidente de relações institucionais do Grupo Marfrig. Segundo ele, de maneira geral, o crescimento da produção mundial de carnes é maior que o da população mundial. A maioria das vendas de produtos do agronegócio brasileiro continua sendo para os países europeus e para os EUA. "Mas é evidente a escalada da demanda nos países árabes. Os negócios do agronegócio com os países do Oriente Médio passaram de US$ 1 bilhão, no ano 2000, para US$ 8,6 bilhões. Nos próximos anos, o ritmo vai diminuir um pouco, mas ainda assim as vendas crescem em torno de 5%", informa.
 
O açúcar é o principal produto vendido, é certo, mas a carne bovina saiu de uma participação de 5%, em 2000, para 14% no ano passado. "O empresariado brasileiro aumentou sua capacidade de entender a cultura, exportando os produtos de acordo com preceitos religiosos de cada país."