Logística ineficiente ainda atrapalha

Mesmo com as filas e engarrafamentos nas rodovias brasileiras na safra passada, a infraestrutura para o escoamento do ciclo atual não mudou muito. A falta de modais alternativos às rodovias, a alta dos pedágios e a redução da jornada de trabalho do caminhoneiro duplicaram o valor do frete nos últimos dez anos.

Na safra 2002/03, o custo para se escoar uma tonelada de soja da região sudeste de Mato Grosso até o porto de Paranaguá (PR) era de US$ 55. Na safra atual, o valor pode chegar a US$ 110. O cálculo foi feito por técnicos do grupo Bom Futuro, pertencente ao produtor Eraí Maggi.

A produção do Estado passou de 11 milhões de toneladas na safra 2002/2003 para os atuais 25 milhões de toneladas. Uma das principais rotas de escoamento é o porto de Santos (SP), distante cerca de 2 mil quilômetros da região produtora do Estado. O porto responde hoje pelo escoamento de cerca de 40% da soja mato-grossense.

As principais alternativas seriam a BR-163 até Santarém (PA), e a ferrovia Integração do Centro-Oeste. Matéria publicada pelo Valor em março deste ano mostra que a promessa da construção da BR-163 completa três décadas este ano. O trecho entre Cuiabá e Santarém tem cerca de 1,5 mil quilômetros. De lá, sera possível acessar a hidrovia do Amazonas.

Sem a conclusão das obras, as cenas de engarrafamentos quilométricos vistas no ano passado devem se repetir. Nesta safra, os produtores estão mais preocupados com a nova lei do caminhoneiro, que reduziu a jornada de trabalho dos motoristas e deve encarecer o frete.