Indústria de São Paulo volta a crescer

O desempenho do setor automotivo foi determinante para que a indústria de São Paulo revertesse em junho o cenário negativo dos três meses anteriores. Influenciado pelo bom desempenho em veículos leves, o Estado produziu 1% mais que em maio, após quedas de 1,5%, 1,3% e 0,3%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Na outra ponta, a indústria do Rio de Janeiro liderou as influências negativas da indústria nacional, com queda de 4,3%, curiosamente, também motivada pelo setor automotivo. Uma queda de 40% na produção de caminhões, que no Estado está concentrada na montadora MAN, derrubou o resultado da região.
 
As medidas do governo de incentivo ao consumo tiveram efeitos diferenciados em cada Estado, de acordo com o perfil da indústria automobilística. No Rio de Janeiro, no Paraná, onde a produção caiu 3,7% de maio para junho, e no Rio Grande do Sul (-3,1%) há concentração de produção de caminhões e o quadro é de resultados negativos. Já em Minas Gerais, que cresceu 1,3% de maio para junho, prevalece a fabricação de veículos leves. Em São Paulo, a indústria automobilística é diversificada. Há sete montadoras instaladas na região metropolitana paulista, produzindo tipos e modelos diferenciados de automóveis.
 
"Houve um crescimento da indústria em junho, mas não há homogeneidade entre os Estados para transformar um resultado pontual em um processo de crescimento", disse o professor de economia da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida.
 
Regiões. Apesar de ainda haver dúvida sobre a capacidade do setor de reverter a queda de 3,8% do primeiro semestre ante o mesmo período do ano anterior, o crescimento da produção industrial de São Paulo em junho deverá empurrar o crescimento das demais regiões nos meses seguintes e liderar a aceleração da indústria nacional nos próximos meses, segundo o economista.
 
A perspectiva do coordenador da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo, é que o resultado da produção de julho traga ainda efeitos das medidas de redução do IPI. "O importante é avaliar como funcionarão os setores correlatos ao automotivo e os reflexos na indústria paulista. Por enquanto, prevalece um quadro de instabilidade no resultado regional", argumenta Macedo.
 
O setor automotivo foi um dos principais responsáveis pela queda de 5,2% da indústria paulista no segundo trimestre de 2012 em comparação com o fim de 2010, momento de crescimento mais permanente da produção industrial, pelas contas do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Silvio Salles, que aposta em retração da indústria no fechamento do ano.
 
Estoques. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgados ontem, a indústria conseguiu se livrar de parte dos estoques indesejados em junho e garantiu margem de ganho maior. O esvaziamento dos armazéns ajudou o faturamento do setor a ter um crescimento real, descontada a inflação, de 2,9% ante maio.
 
Apesar disso, a utilização da capacidade instalada ficou em 80,8% em junho, praticamente igual a maio. Desde setembro de 2009, em meio à crise global, as fábricas brasileiras não eram tão pouco usadas. Já o emprego apresentou pequena variação no período: alta de 0,3% na comparação com maio e queda de 0,2% ante mesmo mês de 2011.