Hidrovia Paraná-Tietê demanda R$ 13,5 bi para melhoramentos até 2025

 
O Estudo de Viabilidade Técnico, Econômica e Ambiental (Evtea) do plano de melhoramento da hidrovia do Paraná-Tietê, apresentado na manhã desta terça-feira (9), em Campo Grande, pelo superintendente da Administração da Hidrovia do Paraná (Ahrana),  Antonio Badih Chehin, prevê a necessidade de investimento de R$ 13,5 bilhões pelo governo federal até 2025, para modernizar e ampliar a estrutura existente na via, incrementando sua navegabilidade e o volume de cargas escoadas. A apresentação ocorreu durante seminário promovido pela Federação das Industrias de Mato Grosso do Sul (Fiems).
 
Segundo Chehin, esse volume de recursos projeta a implementação de duas das três fases do plano de melhoramento. A primeira dedicada ao corredor Paraná-Tietê e a segunda ao desenvolvimento do chamado Tramo Sul  e do Corredor Ivaí da hidrovia. O Evtea, que nasceu a partir de um ano de estudos de uma consultoria contratada pela Ahrana, aponta ainda uma série de projetos e o valor estimado do investimento para concretizá-los nos próximos 11 anos.
 
Para Mato Grosso do Sul, o estudo lista um total de 13 projetos para melhorar as condições de navegabilidade da hidrovia. No rio Paraná, na primeira fase do plano, aponta a a necessidade da construção de novas eclusas nas hidrelétricas de Porto Primavera e Jupia, a regularização do leito da hidrovia e a adequação das pontes Maurício Joppert, que liga o Bataguassu (MS) a Presidente Epitácio (SP) e Porto Camargo, que liga Naviraí (MS) a Icaraíma (PR).
 
Ainda na região do rio Paraná, na área de Mato Grosso do Sul, foi listada entre os projetos o uso do Canal do Bugre, em Guaíra (PR), como alternativa  ao derrocamento do pedral resultado do afogamento do Salto das Sete Quedas pelo reservatório a hidrelétrica de Itaipu.
 
Os outros projetos para o estado estão previstos para serem realizados na segunda etapa do plano e preveem a regularização do leito, a sinalização e o balizamento do rio Amambai, a sinalização e o balizamento do rio Ivinhema, a construção de uma eclusa no Salto da Laranja, no rio Sucuriú, e neste mesmo rio a execução da regularização do leito, adequação da ponte na BR-158, além da sinalização e balizamento. O total previsto de investimentos nestas obras em Mato Grosso do Sul é de R$ 2,4 bilhões.
 
O superintendente da Ahrana apontou ainda na apresentação que com a viabilização dos projetos apontados no Evtea, o volume de cargas transportadas pela hidrovia deve passar das 6,2 milhões de toneladas, em 2012, para 51,9 milhões de toneladas em 2020, 55,8 milhões de toneladas em 2025 e atingir 81,5 milhões de toneladas em 2045.
 
Entre os produtos que devem se beneficiar com maior uso da hidrovia estão as commodities agrícolas como a soja, o milho e o farelo de soja, e produtos industrializados, com valor agregado, como a celulose e o etanol.
 
Outro ponto destacado por Chehin quanto ao estudo é o da ampliação de uso da hidrovia, atualmente em 1,6 mil quilômetros e que com a viabilização das três etapas do plano deve chegar a 6 mil quilômetros. Ele disse ainda que o Evtea apontou também qual o tipo e a composição de barcaça que deve ser mais adequada para a navegação na hidrovia, que devem ser os comboios 3 x 2, com capacidade de até 8,7 mil toneladas, e de 2 x1, de 2,9 mil toneladas.
 
O superintendente destacou também que o poder público ao fazer os investimentos necessários e melhorar as condições de navegabilidade da hidrovia vai atrair o investimento privado, principalmente para a construção de terminais intermodais de carga. O gestor citou ainda que a Taxa Interna de Retorno (TIR) apurada no Evtea foi de 11,94% com a implementação do plano de melhoria na hidrovia, o que representa um índice muito bom para investimentos tanto para o setor público quanto para o privado.
 
Já o diretor-corporativo da Fiems, Jaime Verruck, destacou a importância de melhorar a navegabilidade da hidrovia Paraná-Tietê e ampliar o seu uso, mas ressaltou que para Mato Grosso do Sul aumentar a competitividade de seus produtos agrícolas e industriais é preciso investir na intermodalidade.
 
“Precisamos melhorar o que já temos, como está ocorrendo com a duplicação da BR-163. Da mesma forma devemos melhorar a infraestrutura da hidrovia Paraná-Tietê, da hidrovia do Paraguai, da malha ferroviária oeste e integrá-las cada vez mais. Também são necessários novos investimentos e projetos. Somente com isso vamos reduzir nossos custos e oferecer produtos com preços mais atrativos. Não adianta somente atrairmos novas empresas para o estado, precisamos de estrutura logística para escoar a produção dessas empresas”, concluiu.