Fila de caminhões vira área de risco em São Paulo

 Sem poder entrar em São Paulo nos horários de restrição de caminhões nas Marginais do Tietê e do Pinheiros, caminhoneiros transformaram os acostamentos das rodovias que chegam à capital em pontos perigosos de parada. As filas, que em alguns casos têm mais de 20 caminhões, prejudicam os motoristas que precisam usar esses pontos em caso de emergência, atrapalham a entrada em acessos para outras vias e aumentam o perigo de colisões.
 
Caminhoneiros ainda correm risco de serem assaltados. Na semana passada, o Jornal da Tarde flagrou filas nas rodovias Dutra, Anhanguera, Bandeirantes e Castelo Branco.
 
“Sei que é perigoso para mim e para os motoristas que usam a rodovia, mas não tenho outra opção”, afirma o caminhoneiro Alexandre Lima Santos, de 33 anos. Ele conta que, pelo menos três vezes por semana, tem de esperar no acostamento da Rodovia Castelo Branco o término do período da proibição para entrar em São Paulo. Até agora, foram 24 vezes no acostamento perto da saída para Osasco, na Região Metropolitana. “Eu carrego o caminhão em Barueri e levo para Estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro”, diz ele, que nunca foi multado por estacionar em local proibido.
 
Na noite de quarta-feira da semana passada, Alexandre era um dos 15 caminhoneiros encostados na altura do km 14 da Castelo Branco. Ele estacionou às 20h30. A proibição de caminhões nas marginais vale das 5h às 9h e das 17h às 22h.
 
“É um risco iminente de acidentes. Além de parar em local proibido, os caminhões ficam muito próximos às pistas de rolagem. Qualquer desvio de um veículo em movimento pode causar colisões e até atropelamentos, já que muitas vezes os caminhoneiros deixam as cabines”, diz o diretor da Associação Brasileira da Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Junior.
 
“Quando os caminhões ocupam longas faixas do acostamento, estão impedindo que motoristas em situação de emergência tenham onde parar. Além disso, casos de carros desgovernados ou acidentes podem ser agravados quando uma lateral inteira está tomada por caminhões”, afirma o tenente João Sadalla, comandante do 1º pelotão do 5º Batalhão de Policiamento Rodoviário, responsável pela Castelo Branco.
 
Sadalla afirma que nos primeiros dias da restrição os policiais adotaram uma postura educativa. “Muitos caminhoneiros não sabiam da proibição. Nós orientamos porque eles não têm culpa. Mas tudo tem um limite.” Em março, segundo Sadalla, 190 caminhoneiros foram autuados na rodovia por estacionamento proibido.
 
O 4º Batalhão de Policiamento Rodoviário, responsável pela Anhanguera e Bandeirantes, afirmou em nota que desde o início da restrição, em 5 de março, foram registradas 105 multas por estacionamento em acostamento. Em fevereiro, foram apenas 12.
 
2/5/2012