Fila de caminhões durante a safra favorece roubo a cargas
O roubo de cargas em Santos teve queda de 31,3% no ano passado em comparação aos 12 meses do exercício anterior. De acordo com balanço da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, enquanto em 2012 houve o registro de 367 ocorrências, em 2013 foram constatados 252 casos. A maioria acontece nas rodovias de acesso à Baixada Santista, como o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). O interesse pela região está relacionado ao Porto de Santos, o maior da América Latina, que recebe diariamente cargas de alto valor agregado.
Produtos eletrônicos, como televisores, e lotes de perfumes, estão entre as mercadorias mais visadas, pois têm maior aceitação no mercado, destacou o delegado Luiz Henrique Ribeiro Atacho, um dos integrantes do Procarga, projeto que tem garantido a redução no número de furtos ou roubos a caminhões que seguem para o complexo santista. "É uma interação que conseguimos aqui na região. Participam o sindicato e a federação das transportadoras, grandes empresas portuárias e as polícias rodoviária, civil e federal. Costumamos nos reunir para definir ações de prevenção e, além disso, somos todos acionados quando há algum roubo. Já conseguimos, inclusive, a prisão e desarticulação de quadrilhas", explicou.
Segundo Atacho, quando um caminhão é vítima dos assaltantes, automaticamente os envolvidos no Procarga são avisados. A Ecovias também é contatada para que haja um acompanhamento da carga, sendo possível saber se ela permanecerá ou deixará a região. "As informações, como placa do caminhão, por exemplo, são passadas para as transportadoras. Essa troca eu acho fundamental e tem sido preponderante para garantir a diminuição de casos", mencionou.
A interação também contribui, ressaltou o delegado, para um check-list na hora de contratar os funcionários que serão responsáveis pelo transporte dessas cargas de alto valor. A medida é importante para evitar que os próprios trabalhadores estejam envolvidos nos roubos ou furtos. "Há uma troca de referências para identificar pontos comuns, saber quem já teve algum tipo de problema com tal motorista", disse.
Para que os dados estejam sempre atualizados, a participação de todos e os encontros frequentes são necessários. A última reunião do grupo aconteceu esta semana, na quarta-feira, quando foi dado início às ações para a próxima safra, cujo pico está previsto para março. Isso porque, é justamente nesses períodos, nos quais há uma maior movimentação nas estradas, que as ocorrências são mais frequentes. A fila de veículos nas rodovias favorece a abordagem dos bandidos. Na safra de grãos do ano passado, as filas na Anchieta chegaram a mais de dez quilômetros.
"O fato primordial que temos é esse gargalo. Estamos em entressafra, mas daqui a pouco temos uma safra de grãos, então é importante ficar atento com a fila que vai ser formada, os congestionamentos. Os motoristas são pegos lá. Podemos fazer policiamento nas estradas, mas a fila é muito grande, ir até o final é complicado", enfatizou o delegado, que também aposta no agendamento de caminhões para que o problema seja amenizado.
Nessa questão, Atacho aponta que a abordagem nas filas também não é feita aleatoriamente. Ele acredita em informação privilegiada. E é nesse ponto que o Procarga também ataca. "Tentamos identificar até onde há um enraizamento dentro das empresas". Combater o fluxo do receptador é outra prioridade do grupo. "Quando fechamos o cerco conseguimos diminuir esse afluxo, não tem onde enfiar a carga e fica com um mico na mão".
Além das ações do Procarga, há tecnologias que contribuem para evitar ocorrências. Uma delas é o rastreamento da carga e do caminhão. "As cargas são escoltadas, chipadas. A pessoa rouba, mas temos tecnologia para saber onde ela está. São muitas as medidas, o importante é estarmos atentos às informações que as transportadoras passam para sempre aperfeiçoarmos, pois são elas que vivem o dia a dia".