Estoques de veículos voltam à normalidade

Resolvida a situação dos estoques, a indústria automobilística abriu caminho para uma retomada na produção, que fechou o primeiro semestre 9,4% abaixo do volume de um ano antes.

A tendência foi apontada ontem pela Anfavea – a entidade que abriga as montadoras instaladas no país – durante a apresentação dos resultados do setor em junho – quando a combinação de forte recuperação das vendas e menor atividade nas fábricas permitiu uma diminuição dos volumes de veículos parados nos pátios.

De um giro equivalente a 43 dias de venda – situação mais crítica desde a crise financeira de 2008 -, os estoques caíram para 29 dias, com uma queda de 16,5% no volume de veículos encalhados (veja gráfico).

Desde setembro do ano passado, as montadoras – pressionadas pelos altos estoques – vêm adotando medidas para desacelerar o ritmo de produção, o que inclui férias coletivas, paradas pontuais ou redução de jornadas.

Para Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, os níveis de produção devem melhorar a partir de agora no segmento de veículos leves. Já no caso das montadoras de caminhões, que ainda enfrentam um mercado retraído, a reação ainda deve levar mais tempo, de um a dois meses, aposta o executivo.

Contudo, para reduzir a ociosidade nas fábricas, o mercado terá de confirmar a recuperação apresentada em junho, quando, apoiados no corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os emplacamentos de automóveis e comerciais leves somaram 340,6 mil unidades, no segundo melhor desempenho na história.

Por enquanto, ainda há notícias de ajustes na atividade da indústria, caso das férias de três semanas concedidas no fim do mês passado aos operários da fábrica de carros da Ford em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.

Também existem iniciativas para adequar jornadas de trabalho e mão de obra, com programa de demissões voluntárias na General Motors em São José dos Campos (SP) e a suspensão de contratos de trabalho de 1,5 mil operários da Mercedes-Benz.

Mas, atendendo a um compromisso firmado com o governo, não há registros de demissões em massa. Pelo contrário, o balanço da Anfavea mostra um aumento de 1,3% na ocupação das montadoras – incluindo máquinas agrícolas – na passagem de maio para junho.

Contrariando expectativas, a entidade não refez ontem as projeções que apontam para um crescimento de 2% na produção e de até 5% nas vendas.

Apesar da situação delicada no mercado de caminhões, Belini disse que segue otimista com o desempenho dos veículos leves, confiante nas medidas do governo para reanimar a economia.

Embora alguns dirigentes de montadoras comecem a defender a prorrogação dos incentivos fiscais anunciados no dia 21 de maio, Bellini afirmou que a Anfavea trabalha com a expectativa de fim dos estímulos no dia 31 de agosto. "Existe uma demanda reprimida que poderá ser atendida neste período", comentou.

O governo deixou de arrecadar mais de R$ 20 milhões no mês passado com a redução no IPI – de metade até a totalidade da alíquota -, mas a recuperação do mercado permitiu um acréscimo de R$ 23 milhões na arrecadação com PIS/Cofins e ICMS, argumentou a associação das montadoras.