DBTrans inicia operação em São Paulo

Após mais de 12 anos de monopólio no Estado de São Paulo, os sistemas de pagamento eletrônico de pedágio Sem Parar e Via Fácil, da empresa Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP), passam a enfrentar um concorrente.
 
O novo competidor é a empresa fluminense DBTrans, que começa a operar amanhã com o serviço Auto Expresso. O governo de São Paulo havia autorizado a empresa a atuar no Estado em setembro de 2011, mas isso não garantiu a operação da empresa. Só agora, quase um ano e meio depois, a DBTrans passa a atuar – devido a dificuldades na negociação com concessionárias.
 
Segundo José Manoel Pombo, presidente da DBTrans, as discussões foram feitas com cada subsidiária dos grupos de concessão e envolvem desde obrigações de investimentos em sinalização a cláusulas para gestão dos recursos arrecadados no pedágio.
 
"É compreensível que eles [concessionárias] queiram tomar cuidado, porque é o caixa deles", resume. Toda a tarifa com pedágio arrecadada por meio da DBTrans deve ser repassada às concessionárias. A receita da empresa vem de cobranças como mensalidades e taxas de recarga. Os veículos usarão a mesma cancela do Sem Parar.
 
A entrada nas rodovias paulistas exigiu investimentos de R$ 10,6 milhões no último ano. Para Pombo, a entrada no Estado é estratégica e deve representar 50% do faturamento com pagamento eletrônico em até 5 anos. A empresa fechou 2012 com R$ 630 milhões de receita bruta, mas só 20% desse valor é gerado pelos pedágios. A maior parte do montante vem de serviços de logística.
 
Parte dos entraves nas negociações se deve ao fato de os grupos especializados em concessão de rodovias serem proprietários da maior parte da STP, que domina o mercado e fatura R$ 430 milhões ao ano. A CCR (dos grupos Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido) é a maior acionista, com 38,25%. A EcoRodovias (do grupo CR Almeida) tem 12,75% e a Arteris (ex-OHL Brasil, do grupo espanhol Abertis), 4,68%.
 
A STP chegou a ser investigada pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, por suspeita de cartel, criação de dificuldades ao desenvolvimento da concorrência e preços abusivos. A concorrente DBTrans alegou em 2011 que o entrave causado pela STP causou um prejuízo de R$ 63 milhões, número que representa o lucro não realizado pelos clientes que ela deixou de captar.
 
No mercado, comenta-se que a quebra de monopólio e outras questões regulatórias tenham paralisado a venda de parte da STP – que chegou a ser avaliada, ao todo, em cerca de R$ 2 bilhões. Cielo, Redecard e fundos como os da Advent Internacional chegaram a se interessar pela compra, que agora está paralisada.
 
Além da DBTrans, também está autorizada a operar em São Paulo uma terceira empresa – a ConectCar. Fruto de parceria entre Odebrecht TransPort e Ipiranga, tem como foco pessoas físicas que não usam o pagamento eletrônico de pedágio com frequência. A previsão do governo é que a companhia comece a operar em março.
 
Desde o anúncio da abertura desse mercado, defende o governo estadual, os planos do Sem Parar já reduziram em 67% algumas tarifas. A adesão, que beirava os R$ 70, agora é gratuita em alguns planos.