Custo do frete deve subir 10% com nova legislação

Tem início no dia 11 a fiscalização em relação ao cumprimento da Lei 12.619, que regulamentou a profissão do motorista profissional, tanto para o transporte de cargas quanto de passageiros. A nova legislação exige das empresas de transporte, principalmente as rodoviárias, adaptações, e deve elevar o aumento do valor do frete, por causa da necessidade de descanso de, no mínimo, meia hora, a cada quatro horas de viagem do caminhoneiro, e descanso de 11 horas a cada 24 horas, entre outras exigências de controle de jornada.
 
Segundo o vice-presidente do Setrans (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga), Tiojum Metolina, a norma deve levar a uma alta de pelo menos 10% no custo do frete, pelo fato de que a produtividade vai diminuir, ou seja, serão necessários mais caminhões para entregar o mesmo volume de carga.
 
O economista da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística) José Luis Pereira concorda que a redução da produtividade é inevitável. "Se antes um caminhão fazia três viagens, agora fará duas ou até uma".
 
Metolina assinala que as transportadoras já estão conversando com seus clientes para repassar esses custos. Ele cita ainda que as empresas do ramo já se adaptaram, inclusive para não correr o risco de ter seus veículos apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal, por desrespeito à nova lei. O monitoramento será feito por meio da conferência do tacógrafo, equipamento obrigatório que controla a velocidade alcançada e a distância percorrida.
 
DEFICIT – A nova lei, que foi publicada em abril, terá outro efeito para as transportadoras: a necessidade de contratações para atender os mesmos volumes de carga feitos antes da norma. A geração de empregos, no entanto, esbarra na falta de profisssionais qualificados no mercado, observa o dirigente do Setrans. Ele exemplifica: "Uma empresa de 100 caminhões, tem hoje 10% dos veículos sem motorista." O Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) tem oferecido cursos para que mais pessoas tenham a carta de motorista letra E (carreta).
 
EQUIPAMENTOS – Para aproveitar as novas demandas do mercado, há empresas que se adequaram para oferecer opções em tecnologia para controlar a jornada. É o caso do grupo Sascar, que passou recentemente a comercializar um sistema de telemetria (hardware e software) com esse foco. Em cinco meses, já vendeu e instalou 5.000 equipamentos desse tipo, que também faz a gestão para prevenção de acidentes e para redução de gastos com combustível e freio, por exemplo. Custa, em média, R$ 120 por mês por caminhão.