Cresce transporte por rodovia para Santos

O papel da ferrovia no transporte de cargas no porto de Santos caiu em 2012, apesar de a movimentação total do porto ter aumentado. Em 2011, o escoamento total alcançou 97,1 milhões de toneladas e a fatia dos trilhos foi de 22,12; no ano passado, quando o volume chegou a 104,5 milhões de toneladas, a participação ficou em 21,03%. Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra Santos, a decisão do modal utilizado no acesso ao porto é do embarcador.

Essa redução da participação das ferrovias é apontada como um dos fatores que estimularam as filas de caminhões destinados ao cais santista que vêm travando os acessos e as vias portuárias nas últimas semanas, já que as carretas estão absorvendo cargas que deveriam estar sobre trilhos, na contramão do que quer o governo. Um dos pontos centrais do Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI) é equilibrar a matriz de transportes brasileira.

Atualmente, mais de 60% das cargas utilizam as rodovias, 25% as ferrovia e apenas 13% os demais modais. A intenção do governo federal é que a fatia das rodovias caia para 30% na rodovia, e das ferrovias aumente para 35% e a dos demais modais alcance 30%.

Segundo Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o grande problema das últimas semanas foi o "saldo" de embarques de milho e soja, ainda resquício da safra 2012. "As exportações de janeiro e fevereiro de milho pelo porto de Santos foram o dobro do mesmo período de 2012", diz (ver matéria acima). Para a Codesp, contam ainda a falta de agendamento eletrônico por parte dos terminais marítimos e a escassez de silos na origem, o que leva os caminhões a se tornarem armazéns ambulantes.

O tráfego de carretas no porto de Santos continuou intenso ontem. Segundo a Codesp, existiam filas, "mas não congestionamento". Mas, até o início da tarde, havia trechos congestionados na chegada à Baixada Santista pela Rodovia Domênico Rangoni, que dá acesso às cidades de Guarujá e Cubatão. As filas estavam entre os quilômetros 252 e 248 da Cônego Domênico Rangoni e do quilômetro um ao cinco da SP 248, continuação da Cônego.

De acordo com a Ecovias, concessionária do Sistema Anchieta- Imigrantes, 6,2 mil veículos comerciais desceram a Serra do Mar entre 0h e 12h00 de ontem.

A Codesp contará, em breve, com um terceiro estacionamento regulador de carretas. Hoje, duas empresas (Ecopátio e Rodopark) são credenciadas pela estatal para triar as carretas destinadas ao cais, regulando o fluxo na Baixada. Na semana passada a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ligada ao Ministério do Planejamento, liberou um terreno de 250 mil metros quadrados para a construção de um pátio de caminhões, no bairro da Alemoa, em Santos.