Com aeroportos privados, transporte de cargas pode crescer 20% até 2020

O transporte de cargas aéreas no Brasil ganhou um fôlego na onda das concessões de aeroportos e incentivos à aviação regional. De acordo com empresários e analistas ouvidos pelo DCI a demanda reprimida para esse tipo de transporte pode elevar em 20% os negócios na próxima década além de, gradativamente, diminuir o preço do frete aéreo.

"O transporte aéreo de cargas ainda tem grande potencial no Brasil. Com as concessões aeroportuárias o setor otimizou a operação, mas são os aeroportos regionais que farão esse mercado deslanchar e o custo do frete cair", afirmou o consultor em aviação e professor de macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Josias Beltrão. A opinião do professor vem em linha com os planos do governo federal.

De acordo com o ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, um bom exemplo é o aeroporto de Macaé, no Rio de Janeiro, que pode crescer bastante em transporte de cargas em função do petróleo. "A indústria petroleira da região importa 30 mil toneladas por ano em equipamentos, sendo que 3 mil toneladas chegam via aeroporto de Cabo Frio e 27 mil toneladas pelo Galeão. Depois isso, essas cargas seguem em caminhões até Macaé. Isso mostra a necessidade urgente de termos um aeroporto de cargas no município", disse.

Também de olho nesse potencial, a cidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, também busca autorização para construção de um terminal na cidade.

O objetivo é usar o espaço em função da alta demanda que virá em função do pré-sal, na Baixada Santista. De acordo com o prefeito da cidade, Luiz Marinho, o aeródromo pode ser o grande polo de transporte aéreo no Estado de São Paulo, rivalizando diretamente com o de Viracopos, em Campinas. "Já estamos negociando com empresas como a DHL e o Fedex para construção de terminais específicos para cargas", disse. Para deslanchar esse tipo de terminal, o governo federal prevê investimentos da ordem de R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais e subsídio para voos que conectem cidades fora das capitais. Segundo a SAC, o Plano de Aviação Regional não nasceu pensando no transporte de cargas.

Mas, agora que alguns projetos de aeroportos regionais estão prontos, a secretaria percebeu a necessidade de criar um planejamento de transporte de cargas.

Empresários

De olho nesse mercado, a presidente da DHL Global Forwarding – braço da Deutsche Post DHL -, Cindy Hearing, já sentiu avanço na movimentação aérea depois da rodada de concessões do governo federal. Segundo a executiva da DHL Global Forwarding, que trata exclusivamente de cargas, o avanço continuará em ritmo acelerado à medida que o segmento se expanda no Brasil. "O Brasil está no radar da DHL", disse ela ao DCI.

De acordo com Cindy, o País está no caminho certo nos avanços logísticos, o que sustenta o interesse da empresa no mercado nacional. "Acredito que o que falta é maior integração entre os modais. Os congestionamentos no Porto de Santos, por exemplo, diminuem a competitividade."

Na importadora Central, presidida pelo empresário Jorge Velasques, um dos maiores desafios para as pequenas e médias empresas é o transporte aéreo. "Se você não é uma importadora gigante, você não faz negócio aéreo", disse ele.

A empresa, especializada na importação de alimentos em conserva, faz o transporte marítimo há mais de 15 anos. "Já perdermos clientes por causa de prazo. Mas perderíamos mais dinheiro se tentássemos fazer a carga chegar por via aérea." Com a perspectiva de aeroportos regionais, o executivo se mostra otimista. "Temos itens importados da China que demoram 30 dias para chegar, perdendo a validade da carga. Com preços competitivos teríamos novos mercados."