Caminhoneiros não encontram vagas para estacionar no Porto de Santos

Os motoristas de caminhões que chegam ao Porto de Santos, no litoral de São Paulo, enfrentam dificuldades para estacionar. Cerca de 15 mil caminhões circulam no maior porto da América Latina todos os dias. Outros 4 mil caminhões pertencem a motoristas e empresas da cidade.
Somente dois estacionamentos de caminhões são regulamentados na cidade. Um fica no Valongo, com 80 vagas. O outro, na Alemoa, tem 120 vagas e não oferece qualquer estrutura. Buracos, lama e caminhões atolados são problemas constantes. "Rasga pneu, suja o caminhão, motos e carros. Tem muito buraco. Não fizeram nada, só nos jogaram para o meio do mato”, reclama o caminhoneiro Marcos Natal da Silva.
As obras de aprofundamento no canal de navegação do porto vão possibilitar a chegada de embarcações maiores e consequentemente o aumento no movimento. A estimativa da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) é que as operações crescam até 30% no cais santista. Este desenvolvimento deve agravar ainda mais a situação dos caminhoneiros. "Se o Porto de Santos não tem hoje a estrutura necessária para receber 15 mil caminhões, quem dirá amanhã esses 30 mil caminhões. O que nós vamos fazer?", questiona o diretor do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos, Fredy Fraile Soares.
Sem lugares regulamentados e com placas de proibição espalhadas por vários trechos da área portuária, muitos caminhoneiros já colecionam multas. É o caso de Marcelo Zanelatto, que tem pelo menos três. "Além do prejuízo, o maior problema são os pontos na habilitação. Sem a habilitação a gente fica desempregado", afirma.
Com a falta de espaço, é inevitável que os caminhoneiros migrem para outras áreas e acabem, por consequência, invadindo bairros residenciais. Os veículos ficam estacionados pelas ruas da Ponta da Praia, Paquetá, Macuco e Valongo. Quem mora nesses bairros reclama que os imóveis já começaram a desvalorizar. "É um bairro bom, mas com esses caminhões aqui as pessoas acabam não querendo mudar para cá", afirma a enfermeira Roselaine Sena Cortez.
A Codesp informou que já mandou um documento para a Secretaria de Patrimônio da União requisitando a transferência de uma área na Alemoa que seria usada para estacionamento de caminhões, com toda a infraestrutura para atendimento aos motoristas.
Já a Prefeitura de Santos informou que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Secretaria de Assuntos Portuários fazem estudos para a criação de novos espaços para estacionamento de caminhões na região do porto. Ainda segundo a prefeitura, a CET e a Polícia Militar fazem fiscalização para impedir o estacionamento de caminhões em locais proibidos.