Bird financia projeto para recuperação de rodovias em SP

O Banco Mundial (Bird) concluiu projeto de US$ 729 milhões para a recuperação e melhoria de rodovias no interior do Estado de São Paulo, com um sistema de financiamento considerado modelo pela instituição e que deve ser repetido em futuras obras no país.
 
O montante será destinado para a reconstrução e a manutenção de 650 quilômetros de estradas localizadas perto do rio Tietê, além da implantação de pontes de ligação rodoviária e de um sistema de iluminação para garantir maior segurança aos usuários.
 
O projeto é considerado chave para o Banco Mundial, pois representa a volta da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (Miga, da sigla em inglês) em financiamentos no Brasil. A Miga é o braço de garantias contra riscos políticos e de melhoria de crédito do banco. Ficou por mais de dez anos sem atuar no Brasil e está voltando, agora, para auxiliar no sistema de financiamento desse projeto de transporte sustentável em São Paulo.
 
No ano passado, o governo paulista destinou US$ 129 milhões para as obras, enquanto o Banco Mundial ingressou com US$ 300 milhões. Diante da necessidade de aperfeiçoar ainda mais as estradas, o projeto cresceu e foi preciso novo aporte, de US$ 300 milhões. Para resolver essa questão, o governo de São Paulo fez uma licitação do projeto a bancos comerciais com o requisito de que os empréstimos fossem garantidos pela Miga.
 
O uso da agência possibilita a concessão de prazos mais longos de amortização e oferece preços mais competitivos para empréstimos comerciais. O Santander foi o vencedor da concorrência e a Miga deu garantias num empréstimo de US$ 300 milhões, cobrindo o risco de eventual não cumprimento de obrigações financeiras por 12 anos. A entrada da agência viabilizou a continuidade do projeto no interior paulista.
 
"Considero essa abordagem pioneira e replicável em outros Estados ou países com limites creditícios semelhantes e recursos limitados", afirmou o vice-presidente e diretor-executivo da Miga, Keiko Honda. Segundo ele, o projeto mostra "o incrível potencial de colaboração entre os setores público e privado para abordar o déficit na infraestrutura que tantos países estão enfrentando".
 
"Nós queremos promover novos projetos com o Brasil", disse Edith Quintrell, diretora de operações da Miga. Na avaliação de Miguel Navarro-Martin, chefe de produtos bancários do Banco Mundial, a agência deve voltar a atuar no Brasil em outros projetos com a instituição num modelo parecido com o que foi desenvolvido para as estradas no interior paulista.
 
"São Paulo tem continuamente inovado para superar os déficits de transportes, tornando-se muitas vezes um modelo para outros Estados do Brasil. O uso das garantias da Miga neste projeto mantém essa tradição", afirmou Deborah Wetzel, diretora do Bird para o Brasil.
 
Para ela, o modelo de financiamento aplicado neste projeto pode ser feito em outras obras no país. "A nossa meta é encontrar soluções novas e de vanguarda para atender às necessidades do país", explicou.
 
"O nosso poder financeiro, capacidade técnica e relacionamentos com o setor privado permitem-nos apoiar projetos dessa magnitude e importância para o desenvolvimento do Brasil", disse Madelyn Antoncic, vice-presidente e tesoureira do Bird.