Baixa densidade de ferrovias e má qualidade dos portos são entraves às exportações

O estudo Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, desenvolvido pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), aponta que 83,3% dos maiores embarcadores desses grãos consideram a pouca disponibilidade de ferrovias um problema Grave ou Muito Grave para o escoamento da produção. O levantamento foi desenvolvido com o objetivo de analisar a logística do agronegócio. Soja e milho são responsáveis por 43% da pauta de exportações do Brasil. Para se ter uma ideia, a densidade de malha ferroviária no país equivale a 15% da dos Estados Unidos, nosso principal concorrente na comercialização de soja para o mundo.
 
Também são apontados como problemas graves ou muito graves, pela maioria dos embarcadores, a ocorrência de invasões de faixa de domínio e as passagens em nível críticas (cruzamentos de ferrovias com rodovias). Isso faz com que os trens precisem reduzir a velocidade, o que provoca aumento no desgaste das locomotivas e de consumo de combustível. Além disso, eleva o risco de roubo de cargas.  
 
 Segundo a Confederação Nacional do Transporte, nos trechos mais utilizados para escoamento da soja e do milho, há 206 passagens em nível críticas. Já as invasões foram identificadas em 50 municípios, problema que deve ser solucionado pelas administrações municipais. 
 
A partir do Plano CNT de Transporte e Logística 2014, que relaciona mais de dois mil projetos considerados fundamentais para o país, embarcadores identificaram 67 intervenções necessárias para facilitar o escoamento da produção sobre trilhos. O valor total estimado para as obras é de R$ 80,1 bilhões.
 
Aquaviário
 
Todos embarcadores ouvidos pela pesquisa consideraram Grave ou Muito Grave a situação dos portos brasileiros. Além disso, 80% têm a mesma percepção sobre a pouca profundidade dos berços, bacias de evolução e canais de acesso.
 
Outro problema mencionado pela maioria é a burocracia no desembaraço de cargas. Conforme o estudo, dos 41 mil quilômetros de vias navegáveis no Brasil, 53% são economicamente navegados. O estímulo à navegação interior é considerado fundamental para melhorar o escoamento da safra de grãos.
 
Hidrovia Teles Pires-Tapajós reduziria quase a metade do custo de escoamento
 
A estimativa é que a viabilização da hidrovia Teles Pires-Tapajós reduziria em R$ 94 o custo do transporte de grãos por tonelada, na comparação com uma rota totalmente rodoviária.
 
Um comparativo feito no levantamento indica que a produção que sai por Lucas do Rio Verde (MT) em direção ao Porto de Paranaguá (PR) percorre, em média, 2,3 mil quilômetros. O custo do transporte, por tonelada, é de R$ 230.
 
Com a hidrovia, a distância percorrida por terra cairia para 320 quilômetros. O restante seria percorrido em embarcações até Santarém (PA). Nesses modais, o valor total cairia para R$ 130, o equivalente a 58% do que é pago hoje até Paranaguá.