Assaltos em rodovias têm crescido no litoral de São Paulo

 Os assaltos nas estradas que cortam as cidades do litoral de São Paulo tem sido cada vez mais constantes na região. Na rodovia Cônego Domênico Rangoni, por onde boa parte dos caminhões transitam em sentido ao Porto de Santos, os assaltantes costumam aproveitar o trânsito parado para roubar. Na Anchieta, além do trânsito parado, assaltantes tem jogado objetos na pista, na tentativa de furar pneus, obrigando os motoristas a parararem.
 
 Uma professora, que não quer ser identificada por medo de sofrer represaria, conta os momentos de terror que passou durante assalto na rodovia, na altura da cidade de  Guarujá. “Eu fui trabalhar de manhã, eram mais ou menos 6h20 ou 6h30, horário que eu passo por ali. Aí eu vi uns homens saindo da ponte, mas é normal pessoas que não querem passar pela passarela e pulam para a outra pista. Eu pensei, 'bom, vou reduzir'. Viraram todos para cá, abriram a perna e colocaram as armas na minha direção. Aí veio um correndo, parecia que era o líder. Ele falou para mim ‘desce, desce, sai’. Engatei a ré e sai com tudo, e eles correndo, atirando”, conta.
 
 Seguranças de um supermercado próximo de onde estava a professora viram a ação dos bandidos e trocaram tiros com os assaltantes, fazendo com que eles fugissem do local. “No dia que a gente foi fazer o boletim de ocorrência o delegado nos informou que todo dia tem ocorrência naquele mesmo local. Eu não entendo porque não tinha uma viatura ali, se há ataques todos os dias, relatos de várias pessoas. Eu acho que aquele é um local que não pode ficar sem segurança”, completa a professora.
 
Relatos como esse são comuns. O ponto onde a professora sofreu a tentativa de assalto fica perto da Prefeitura de Guarujá, e próximo a um grande supermercado. Os bandidos aproveitam a proximidade com a mata para fugir.
 
 O medo de assaltos faz com que pedestres deixem de passar pela passarela e se arrisquem atravessando a pista, entre os carros. O comerciante Alaor Gonçalves Pereira prefere o risco de ser atropelado a ser assaltado. “Sempre tem assalto. Eu por exemplo não uso ela, atravesso a pista. Melhor se arriscar do que ser assaltado”, afirma.
 
 Neusa Xisto Cavalcante e a sobrinha passaram por momentos tensos na mira de assaltantes ao sair do supermercado. “Um colocou a bicicleta na frente do carro, e outro veio com o revólver no rosto da minha sobrinha, e foi pedindo dinheiro”, lembra Neusa. Os assaltantes levaram pouco dinheiro e um celular, mas o trauma continua. “A minha sobrinha ficou muito doente com isso. Ela teve problema no sistema nervoso. Toda hora a gente vê aquele revólver apontado para a gente, sabe”, conta.
 
 O secretário de Defesa da cidade Wagner Pereira da Silva falou das providências que estão sendo tomadas pela Prefeitura. “A Prefeitura tem feito sua parte com a guarda, estando fazendo a segurança primária, mas o combate direto dessa criminalidade deve ser feito pela Polícia Civil e Militar. Estivemos no dia 19 com o secretário de Segurança do Estado, para cobrar um atitude mais firme das polícias nesse tipo de situação na Cônego. Nossa cobrança ao Governador e ao secretário de Segurança tem sido nesse sentido, que aumente o efetivo no Guarujá”, diz.
 
 O tenente da Polícia Rodoviária Flávio Ponciano explica o que a corporação tem feito em relação aos assaltos. “Nós temos policiamento 24 horas por dia aqui na Cônego Domênico Rangoni. Dabemos dos problemas porque nós temos o Plano de Policiamento Inteligente (PPI), onde nós colocamos as viaturas onde são de interesse na área de segurança.  Nesse fim de semana fizemos diversas operações na região, assim como o patrulhamento constante. Logo que termina a demanda de trânsito, nós retornamos aqui com interesse na parte criminal”, explica. Ponciano alerta a população que em situações em que existam pessoas em atitudes suspeitas a polícia seja avisada pelo 190.
 
 Um radar próximo ao local onde acontecem assaltos obriga os motoristas a dirigirem a 50 quilômetros por hora. Segundo a Ecovias, o radar está no local desde 2010 e faz parte do programa de redução de acidentes, o qual tem sido eficiente. A Ecovias informou ainda que não tem poder de polícia, e que zelar pela segurança pública faz parte das atribuições da Polícia Militar Rodoviária. Ponciano explica que o radar é importante porque muitos moradores em torno do local não utilizam a passarela de segurança. “O radar reduz para que não atinja o munícipe, e em contra partida nós sabemos desse problema dos assaltos. Quero deixar claro que nós vamos intensificar o policiamento, utilizando nossas viaturas a maior parte do tempo, agora que deu uma diminuída do problema do tráfego aqui na Cônego”, diz.
 
 Já na rodovia Anchieta, os criminosos jogaram objetos na pista para furar o pneu dos motoristas. O incidente foi na altura do KM 61 da Anchieta, próximo a Vila dos Pescadores, em Cubatão. O pneu do carro do produtor de eventos Miguel Mataro furou depois de passar por um local com pedras, mas seguiu a recomendação da polícia de nunca parar na hora. “Eu dirigi com o pneu furado até o KM 62, acionei a polícia e quando estava falando com a minha seguradora bateram no meu carro, e eu empreendi velocidade no meu carro e eles começaram a atirar”, conta.
 
 Ponciano explica que a Polícia Rodoviária têm feito rondas pela rodovia, inclusive com o apoio do 6º e com o 21º Batalhão, devido aos problemas relatados por motoristas. “Nossa equipe de força tática deteve naquela região especificamente, dois indivíduos armados”, finaliza. O policial disse ainda que as equipes, às vezes, têm pedido e recebido apoio de viaturas e motocicletas de São Paulo. Ponciano conclui dizendo que algumas vezes o patrulhamento tem que se deslocar para outras ocorrências, mas que o policiamento nos locais apontados na reportagem receberão reforço.