Acessos ao Porto de Santos estão a um passo do esgotamento

O trânsito caótico nos acessos ao Porto de Santos e à Baixada Santista não é uma novidade para moradores da região. Muito menos para especialistas em transporte, que previram o esgotamento do sistema viário há cerca de quatro anos. De acordo com estudos, os trechos de Serra das rodovias Anchieta e Imigrantes serão suficientes até o ano que vem. Este é o prazo também para a saturação da via Anchieta entre o viaduto da Alemoa e a Serra. Já os trechos de planalto vão entrar em colapso até 2024.
 
Esse diagnóstico integra a pesquisa sobre a acessibilidade do cais santista feita entre 2008 e 2009 pela Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), a pedido da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal que administra o Porto.
 
Entre as ações defendidas no levantamento da FDTE, estão estudos para a ampliação da capacidade do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) e a alteração de matriz de transporte do cais santista, com a redução do uso de caminhões e a maior utilização dos trens no transporte de cargas. Também é recomendado a eliminação dos conflitos rodo-ferroviários.
 
Estas são questões que afetam tanto a Margem Direita (Santos), quanto a Margem Esquerda (Guarujá) do complexo. E comprometem vias que têm boas condições de atender a demanda de tráfego do Porto de Santos.
 
Aparências
 
Quem passa pelas avenidas Mário Covas, na Ponta da Praia, Xavier da Silveira, no Valongo, e Engenheiro Antonio Alves Freire, no Saboó, – todas utilizadas para o acesso das cargas à Margem Direita – tem a impressão de que elas estão saturadas. Mas não estão. De acordo com o estudo de acessibilidade, tais vias são capazes de absorver o crescente tráfego portuário.
 
Vale lembrar que o levantamento não menciona a entrada em operação das instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), que ficam na região da Alemoa. O empreendimento vai aumentar, consideravelmente, o movimento de cargas nas vias portuárias.
 
Conforme a pesquisa, o problema do tráfego nessas pistas está relacionado a fatores como os conflitos entre trens e caminhões, as filas nos gates (portões de acesso) dos terminais e as manobras de veículos e vagões, que comprometem a capacidade das vias e dificultam a vida de quem é obrigado a trafegar por elas.
 
A alternativa dada pela FDTE vai além da construção de viadutos sobre as linhas férreas (o que elimina os cruzamentos rodoferroviários). A sugestão é que haja um melhor gerenciamento das filas, através da utilização de bolsões de estacionamento e da melhoria dos processos de carga e descarga.
 
É preciso, ainda, implantar um recuo dos gates para o interior dos terminais, de modo a garantir que as filas de caminhões se formem dentro das instalações, não nas vias públicas. A fiscalização também é outra arma contra abusos no trânsito nas vias portuárias.
 
Margem Esquerda
 
Todos os apontamentos feitos para a Margem Direita também servem para a Margem Esquerda. O estudo de acessibilidade concluiu que a Rua Idalino Pinez, a Rua do Adubo – a principal ligação entre a Rodovia Cônego Domênico Rangoni (a estrada que atende Guarujá) e a Avenida Santos Dumont, onde ficam os terminais marítimos – tem capacidade física suficiente para atender a demanda portuária.
 
No entanto, obras que eliminem o conflito rodo-ferroviário são imprescindíveis. A Codesp inaugurou, há dois meses, o viaduto que dá acesso aos terminais da Margem Esquerda. Além obra de arte, a FDTE também apontou como necessária a melhoria da pavimentação e a da sinalização vertical e horizontal na região.
 
As mesmas recomendações são feitas para os acessos à Ilha Barnabé, na Área Continental de Santos. Lá, os problemas apontados durante o estudo foram a falta de locais para estacionamento de caminhões e outros veículos fora da via.
 
Já na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, a construção de uma terceira faixa entre a Usiminas e a Via Anchieta foi a alternativa apontada para evitar o colapso previsto para 2019. No entanto, essa obra já está em andamento, custeada pelo Governo do Estado.