Transporte sustentável é citado no texto final da conferência

O texto acordado entre os países no final da Rio+20, “O futuro que queremos”, cita a promoção do transporte sustentável. No capítulo 5 do documento de 59 páginas, em que está descrito um quadro de ações com diversas áreas temáticas, o transporte sustentável é citado como um item. São apenas dois parágrafos específicos e também não há qualquer estabelecimento de meta, assim como em todo o documento. Para algumas pessoas que trabalham na área, a citação já foi um avanço. Mas também há críticas de alguns profissionais que consideram que o transporte merecia um destaque maior e ficou à margem das discussões oficiais da conferência da ONU na maior parte do tempo.
 
O documento reconhece que transporte e mobilidade são essenciais para o desenvolvimento sustentável e podem reforçar o crescimento econômico dos países. Com o transporte sustentável, pode se intensificar o crescimento econômico, melhorar os acessos e respeitar o meio ambiente, de acordo com o texto da ONU. “Reconhecemos a importância da circulação eficiente de pessoas e mercadorias e do acesso a sistemas de transporte ambientalmente saudáveis, seguros e acessíveis, como meios de melhorar a equidade social, a saúde, a adaptação das cidades, as ligações urbanas e rurais e a produtividade nas áreas rurais”, diz o documento.
 
Nesse sentido, o texto da ONU afirma apoiar o desenvolvimento de sistemas de transporte sustentável. “Entre eles, os sistemas de transporte multimodal, que são eficientes sob o ponto de vista energético, em particular sistemas de transporte público, combustíveis e veículos não poluentes, assim como sistemas melhores nas zonas rurais”. Conforme o documento, há a necessidade de se desenvolver uma integração na formulação das políticas para os serviços e sistemas de transporte, nos planos nacional, regional e local, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável. E de haver um apoio internacional a países em desenvolvimento.
 
A coordenadora técnica da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Valeska Peres Pinto, considera que o tema transporte foi tratado de forma marginal pela conferência da ONU e diz que as citações são extremamente genéricas, tanto no documento final como nos discursos dos participantes. “Só hoje (22), nesse último dia da conferência, ouvi mais de 30 discursos. Apenas dois citaram transportes. As cidades ainda não são identificadas como o coração do desenvolvimento sustentável. E o tema cidades, onde está inserido o transporte, foi totalmente marginal nessa conferência”, considera Valeska.
 
Na opinião do diretor-presidente da Embarq – organização que atua no transporte sustentável, Luis Antonio Lindau, o fato de o documento ter citado o tema representa algum avanço. Lindau considera que um fato positivo para o transporte na Rio+20 foi o anúncio de que oito dos maiores bancos de desenvolvimento multilateral anunciaram investimento de US$ 175 bilhões em transporte sustentável para a próxima década.
 
Em uma das últimas entrevistas coletivas da Rio+20 nesta sexta-feira (22), o vice-presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento, Bindu Lohani, disse que o recurso será destinado a diversas iniciativas em busca do transporte sustentável. “Vamos investir em infraestrutura viária e para pedestres, ciclovias, veículos menos poluidores e energia, ferrovias, vias hídricas, segurança nas estradas.”
 
Economia verde
De forma geral, o texto da Rio+20 diz renovar o compromisso dos países ao tomar medidas que integrem aspectos econômicos, sociais e ambientais. Aponta que a erradicação da pobreza é o maior problema que atinge a humanidade atualmente. A economia verde é indicada como um caminho importante para essa erradicação da pobreza e para o crescimento econômico sustentável, pois poderá aumentar a inclusão social e o bem-estar humano, “criando oportunidades de emprego e trabalho decentes para todos e mantendo ao mesmo tempo o funcionamento saudável dos ecossistemas”.
 
No mesmo capítulo que aborda transporte sustentável, são mencionados os seguintes temas: erradicação da pobreza; segurança alimentar e agricultura sustentável; água e saneamento; energia; turismo sustentável; cidades e assentamentos humanos sustentáveis; saúde e população; promoção de emprego pleno e produtivo; oceanos e mares; pequenos Estados insulares em desenvolvimento; países menos desenvolvidos; países em desenvolvimento sem litoral; África; iniciativas regionais; redução do risco de desastres; mudanças climáticas; florestas; biodiversidade; desertificação, degradação do solo e seca; montanhas; produtos químicos e resíduos; consumo e produções sustentáveis; mineração; educação; igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres.
 
Acesse o documento final da Rio+20, disponível nos idiomas oficiais da ONU – inglês, espanhol, árabe, chinês, francês e russo.
 
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