Tamoios ganhará 7.000 caminhões por dia

A ampliação do porto de São Sebastião, um dos projetos estratégicos do governo Geraldo Alckmin (PSDB), vai colocar 7.000 caminhões a mais por dia no trecho de serra da rodovia dos Tamoios.
O tráfego desse tipo de veículo no ponto mais crítico da via, a principal ligação para o litoral norte de SP, quadruplicaria: iria dos atuais 2.267 por dia para 9.423 em 2035, quando o porto deverá estar com a ampliação concluída.
Como o aumento de carros no mesmo período será menor, isso mudaria radicalmente a proporção carro/caminhão, que hoje é de um veículo de carga a cada 5,7 carros -ao final da expansão portuária, ela seria de 3,3.
É a mesma relação verificada hoje na via Anchieta, que liga a capital à Baixada Santista e é conhecida pelo fluxo intenso de caminhões.
A previsão -baseada na evolução do tráfego nas rodovias e na expectativa de alta do PIB- está no estudo de tráfego, um dos documentos que subsidiam o licenciamento ambiental da expansão portuária, em discussão.
O cenário já era esperado -e desejado- pelo governo, que vai investir na duplicação da Tamoios e na construção de dois contornos viários em São Sebastião e Caraguatatuba exatamente para viabilizar a expansão do porto.
O objetivo é tornar São Sebastião uma alternativa portuária real para o sobrecarregado porto de Santos e reduzir gargalos no escoamento da produção econômica.
A ampliação se dará em quatro etapas (2019, 2025, 2029 e 2035). A movimentação de cargas irá saltar de 48,6 milhões anuais para 127 milhões, segundo o governo.
O projeto foi suspenso em 2010, por questões ambientais, pelo governador José Serra (PSDB), mas, reformulado, foi retomado por Alckmin, sob oposição de ambientalistas e setores do turismo.
Conforto
Segundo Laurence Casagrande Lourenço, diretor-presidente da Dersa (estatal que cuida da ampliação da Tamoios), "é natural que haja mais caminhões na rodovia". "É preciso dar vazão ao que chega ao porto", afirma.
Para ele, isso será compensado pela melhora da via, que garantirá níveis adequados de conforto ao motorista.
"A rodovia será inaugurada com nível de conforto A", diz, citando classificação internacional para qualidade de tráfego, que vai de A a F.
O estudo mostra, porém, que o planalto atingirá já em 2028 o nível D, que não é aceito hoje nos contratos de concessão de rodovias em SP.
O grande volume de caminhões, diz o estudo, pode levar a restrições eventuais, como vetar a circulação em feriados ou articular com o porto a retenção de veículos.
Obras
A duplicação do trecho de planalto (km 11 ao 64) já tem licença ambiental, e as obras devem começar em março deste ano e terminar em 2013.
Já o de serra não tem licença nem previsão de início. Nos dois trechos, serão duas pistas, com duas faixas de tráfego e acostamentos.
Outros dois contornos viários, em fase de licenciamento ambiental, serão construídos em Caraguatatuba e São Sebastião, este último um acesso direto ao porto.
 
16/1/2012