Obras vão preparar Zona Portuária para receber o triplo de veículos até 2020

RIO – A revitalização da Zona Portuária ganhará mais um conjunto de obras nos próximos anos, e com impacto direto no dia a dia da cidade. Para reordenar os setores rodoviário, marítimo e ferroviário na região, os governos federal, estadual e municipal apresentam, segunda-feira, o Programa Porto do Rio Século XXI, que prevê investimentos públicos e privados de cerca de R$ 3 bilhões, como informou o jornal “Valor Econômico”. Entre as intervenções, a principal é a construção da Avenida Portuária, com cerca de 3,7 quilômetros, que ligará a Ponte Rio-Niterói à Linha Vermelha e à Avenida Brasil. A medida tem como objetivo reduzir o impacto de veículos (a maioria caminhões) na região, que deve quase triplicar, passando dos atuais 200 mil/ano para 567 mil/ano até 2020.
 
Na contramão das críticas, engenheiro e ex-secretário de Obras defende a Perimetral
Na estimativa da Secretaria estadual de Transportes, a nova avenida, cuja primeira fase será feita pela concessionária CCR, que administra a Ponte Rio-Niterói, deve reduzir em 30% o volume de veículos que hoje fica engarrafado na descida da ponte, sentido Rio. O segundo trecho da Portuária, que ligará a Avenida Brasil à região do porto, poderá aliviar o tráfego de caminhões nas ruas internas do Caju e de São Cristóvão. Hoje, todo caminhão que chega pela Avenida Brasil com destino aos terminais do porto precisa seguir até quase a Rodoviária Novo Rio para só então retornar à área de carga e descarga. Resultado: lentidão e congestionamento no local.
 
A Avenida Portuária está orçada em R$ 344 milhões, sendo R$ 99 milhões para o trecho Ponte-Linha Vermelha e R$ 245 milhões na ligação da via com Avenida Brasil e o porto.
 
— O efeito das obras, sobretudo a construção da Avenida Portuária, é muito significativo. Hoje há uma grande retenção de veículos na descida da Ponte para a Avenida Brasil. Com a nova via, quem vem de Niterói poderá seguir direto para a Linha Vermelha ou para a Avenida Brasil sem precisar descer pelo Caju. Essas obras são de extrema importância, porque o Porto do Rio receberá cada vez mais caminhões nos próximos anos — afirma o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes.
 
Segundo o secretário, a ligação da Avenida Portuária com Avenida Brasil deverá ser feita pelo governo federal, já que liga duas vias expressas de responsabilidade da União. Já o trecho sob responsabilidade da CCR, que tem projeto executivo pronto, depende de autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que as obras sejam iniciadas. A estimativa é que ela fique pronta até 2014. Lopes informou que a concessionária fará o projeto em troca da prorrogação do prazo de concessão da Ponte Rio-Niterói.
 
Outras duas obras relativas ao sistema viário na Zona Portuária são a duplicação da Via Alternativa no Caju, que hoje atende aos caminhões que precisam chegar aos terminais de carga, e a construção do “truck center” (centro para caminhões), também no Caju, onde os motoristas poderão aguardar até serem chamados para pegar as cargas que chegam com os navios. Hoje, a maioria para na Via Alternativa ou em ruas adjacentes. O “truck center”, com cerca de 45 mil metros quadrados, será construído pela iniciativa privada numa área da Comlurb que o município pretende ceder aos empresários.
 
— Lá no truck center os motoristas terão infraestrutura adequada para estacionar os caminhões, tomar um banho, fazer uma refeição até que o porto esteja liberado para que eles retirem a carga. Todos os motoristas receberão uma senha e só poderão se deslocar até a área de carga e descarga quando forem chamados. Além de reduzir o número de caminhões parados nas proximidades do Caju, teremos um sistema muito mais organizado — afirma Luiz Henrique Carneiro, presidente da Multiterminais Logística Integrada.
 
Além da construção do “truck center”, a iniciativa privada pretende investir cerca de R$ 1 bilhão na ampliação do cais. Atualmente, o Porto do Rio tem cerca de mil metros para atracação de navios, e a ideia é chegar a dois mil metros. Com isso, será possível receber grandes navios de contêineres. Outro investimento será a construção de um edifício-garagem para até sete mil veículos que são embarcados nos navios. A medida duplicará a capacidade do Porto do Rio para receber veículos nos navios.
 
— Os empresários estão empolgados com esse programa. As obras viárias e os investimentos que estamos fazendo farão uma revolução na região portuária. Primeiro, porque alivia o trânsito nessa região, o que é muito positivo para a população. Por outro lado, melhora bastante o trabalho de embarque e desembarque de cargas no nosso porto, que é um dos mais importantes do país — diz Luiz Henrique Carneiro.
 
Projeto prevê ainda três viadutos
No pacote do Porto Século XXI, está programada ainda a construção de três viadutos sobre a linha férrea na Baixada Fluminense. A medida tem como objetivo reduzir os riscos de acidente no trajeto entre a Baixada e o porto. Haverá ainda o reposicionamento de linhas de trem que passam dentro do porto.
 
O Porto Século XXI é um projeto atualizado do original de 2006, que previa a dragagem do porto, a construção da Via Alternativa e a remoção da favela com 450 casas às margens da linha férrea, num trecho de 1,5 quilômetro, entre Manguinhos e a Avenida Dom Hélder Câmara.
 
A região do Porto do Rio já passa por uma série de intervenções urbanísticas. O Projeto Porto Maravilha, que começou em 2009, envolve, além da recuperação urbana, obras na área de moradia e de trânsito que prometem revitalizar um trecho de 5 milhões de metros quadrados, com limites nas avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco e Francisco Bicalho.
 
Data: 21/8/2012