Brasil está com falta de infraestrutura para distribuir combustível

O Brasil já enfrenta gargalos para abastecer os postos de combustíveis. Aumento do consumo, a falta de meios de transporte e infraestrutura tornaram a situação crítica em alguns estados.
 
O país tem 38 mil postos, quando a federação que representa os donos dos estabelecimentos diz que 20 mil seriam suficientes.
 
O problema é fazer o combustível chegar a todos os cantos do Brasil ainda mais quando a logística não acompanha as necessidades do país. Só nos primeiros seis meses deste ano, o consumo de gasolina, diesel e etanol cresceu quase 13% e a distribuição deu sinais de fadiga.
 
“A semana retrasada foi o ponto crítico, onde chegamos a ter postos pela falta do combustível. A quantidade que o revendedor pede às vezes não é entregue no seu total”, fala o dono do posto, Flávio Andrade.
 
Em Rondônia faltou gasolina. O combustível vai de Manaus para Porto Velho pelo rio Madeira, que está com nível muito baixo como as balsas não passam, a gasolina, muitas vezes, não chega.
 
No último mês, a distribuição também falhou no Tocantins e no Paraná. Para acertar o descompasso entre o consumo e a distribuição, o Instituto Brasileiro de Petróleo, uma organização que reúne mais de 200 empresas do setor, fez um estudo sobre o que vai acontecer nos próximos anos.
 
O tamanho do desafio pode ser definido em dois números: até 2020 a
demanda por gasolina vai crescer 40% e os investimentos em infraestrutura precisam chegar a quase R$ 59 bilhões.
 
Hoje os combustíveis, derivados de petróleo, chegam até as distribuidoras principalmente por dutos. O segundo caminho mais usado é por água, cabotagem, por último rodovia e todos eles, segundo estudiosos do setor, estão saturados.
 
“Imediatamente teria que melhorar a condição de logística, uma das soluções seria transportar mais combustível por ferrovias, seria também construir polidutos que são dutos onde se transporta derivados, nós vamos ter que correr atrás desse prejuízo pelos próximos cinco anos, mantidas as condições de consumo de derivados no Brasil”, fala o diretor do CBIE, Rafael Schetchtman.
 
Para os sindicatos das empresas distribuidoras, a importação de gasolina complicou ainda mais a logística. O volume que vem de fora cresceu 450% do ano passado pra cá. Os caminhões que antes iam até as refinarias, agora, têm que buscar o combustível nos portos. É mais distante, gera mais custos e a conta fica mais cara.
 
“Isso encarece a distribuição, engargala ainda mais as rodovias, o que pode gerar até atrasos no atendimento do mercado. Então, um aborrecimento pro mercado e até um encarecimento do combustível. O repasse seria digamos assim natural”, fala o presidente da Sindicom, Alísio Vaz.
 
“Realmente nós estamos aí no limite máximo da capacidade também logística desse combustível pelo país inteiro”, fala o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda.